Avalanche de doping: veja alguns casos famosos que mancharam a história recente do esporte
Nesta segunda-feira (9), um relatório divulgado por uma comissão independente criada pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) apontou que a Rússia desenvolveu cultura "profundamente enraizada de fraude" em seu esporte, sobretudo o atletismo.
Tamanha é a dimensão da denúncia que a comissão recomendou à Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) a suspensão de todas as competições internacionais da modalidade. A sanção incluiria também os Jogos do Rio, em 2016.
Veja outros casos emblemáticos de doping que marcaram a história do esporte.
Lance Armstrong
O norte-americano obteve sete títulos da Volta da França entre 1999 e 2005, mas perdeu todas as conquistas de sua carreira após investigação conduzida pela agência antidoping dos EUA indicar que ele foi o cérebro do "esquema mais sofisticado e bem-sucedido de doping da história". Em janeiro de 2013, Armstrong admitiu que usou drogas para melhorar seu desempenho.
Rede Atletismo
A equipe sediada em Bragança Paulista (SP) se tornou uma das mais importantes do atletismo nacional na última década graças a um investimento pesado do Grupo Rede, de energia. Em agosto de 2009, porém, seis atletas (Jorge Célio Sena, Luciana França, Bruno Lins, Josiane Tito, Lucimara Silvestre e Lucimar Teodoro) e dois técnicos (Jayme Netto Júnior e Inaldo Sena) foram envolvidos em caso de doping, o maior da história do atletismo nacional. Todos receberam punições e, meses depois, a Rede Atletismo encerrou suas atividades.
Danilo Verpa - 2.set.2008/Folhapress | ||
Atletas treinam no Centro de Treinamento em Bragança Paulista |
Equipe Festina
O caso envolveu o time que disputava a Volta da França em julho de 1998. O massagista da equipe, Willy Voet, foi preso na fronteira entre a França e a Bélgica enquanto transportava enorme quantidade de substâncias ilícitas, dentro de um carro da Festina. Como consequência, a Festina e outros seis times abandonaram a competição. O escândalo superou o âmbito esportivo e enveredou na seara política, com líderes da comunidade europeia cobrando o COI (Comitê Olímpico Internacional) por ação mais firme contra o doping.
Alemanha Oriental
Entre os Jogos de Munique-1972 e Seul-1988, o país obteve 384 pódios olímpicos e se consolidou como potência esportiva. Contudo, os resultados advinham de um programa sistemático de doping apoiado pelo governo. Na base disso estava uma estatal (Jenapharm) que, a mando dos líderes comunistas, supria com medicamentos proibidos toda a estrutura esportiva do país. Nesta lista havia esteroides, hormônios e outras substâncias ilícitas. O processo era sofisticado a ponto de pouquíssimos atletas terem sido flagrados no antidoping -é bem verdade que o controle, na época, era incipiente. Apenas com a queda do Muro de Berlim, em 1989, atletas vieram à tona para expor seus casos.
Thomas Coex - 30.set.2000/AFP | ||
A alemã Birgit Fischer (dir.) com a medalha de ouro em Sidney-2000; a canoísta competia pela Alemanha Oriental até a queda do Muro de Berlim |
Ben Jonhson
Dois dias após quebrar o recorde mundial nos 100 m rasos em Seul-1988, Ben Jonhson testou positivo para um esteroide e acabou perdendo a medalha e o recorde mundial. O canadense voltou a competir depois de dois anos de suspensão, mas foi pego novamente no doping em 1993 e banido do esporte por reincidência.
Gary Hershorn - 24.set.1988/Reuters | ||
Ben Johnson vence a prova dos 100 m rasos e quebra o recorde mundial em Seul-1988 |
Rebeca Gusmão
A nadadora havia ganho as provas de 50 m e 100 m livre na Rio-2007, mas perdeu as medalhas posteriormente porque foi pega no doping. A atleta recorreu para tentar reverter a suspensão de dois anos, porém foi considerada culpada novamente pela Federação Internacional de Natação e acabou banida do esporte, já que a Agência Mundial Antidoping permite que um atleta seja condenado no máximo uma vez.
Alan Marques - 12.mai.2008/Folhapress | ||
A nadadora Rebeca Gusmão chora durante entrevista coletiva sobre seu caso de doping, em 2008 |
Maradona
Campeão do mundo em 1986, o ídolo argentino foi pego no doping durante a Copa do Mundo de 1994 após a partida contra a Nigéria, em que venceu por 2 a 1. O jogador testou positivo para efedrina natural e mais quatro derivados sintéticos. O caso foi o último de uso de substâncias irregulares envolvendo jogadores na Copa do Mundo.
Brian Snyder - 30.jun.1994/Reuters | ||
Maradona comemora gol na Copa do Mundo de 1994; carreira do argentino também foi marcada pelo envolvimento com drogas |
Justin Gatlin
Em 2006, o velocista americano foi condenado a oito anos de afastamento, mas colaborou com autoridades e teve a pena reduzida pela metade. Gatlin perdeu a medalha de ouro e o recorde mundial dos 100 m rasos conquistado em Atenas-2004. Em 2002, ele havia sido flagrado pelo uso de anfetaminas, mas depois foi "perdoado" por comprovar o uso delas para tratar um transtorno por deficit de atenção.
Francois Xavier Marit - 22.ago.2004/AFP | ||
Justin Gatlin comemora após a prova dos 100 m rasos nos Jogos de Atenas-2004; norte-americano perdeu a medalha de ouro por doping |
Marion Jones
Dona de três medalhas de ouro e duas de bronze nos Jogos de Sidney-2000, a velocista confessou, sete anos depois, ter usado esteroides durante as disputas. A norte-americana foi punida com dois anos de suspensão e devolveu as medalhas ao Comitê Olímpico, encerrando a carreira no atletismo. Jones foi condenada ainda a seis meses de prisão e dois anos de liberdade condicional nos Estados Unidos, por ter mentido em três ocasiões aos investigadores que apuravam se ela tinha usado drogas para obter melhores resultados.