É advogado, especialista em condomínios. Presidente da Associação dos Síndicos de SP e membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP. Escreve aos domingos,
a cada duas semanas.
Cruzada para economizar água
Síndicos e moradores de condomínios estão fazendo um esforço brutal para economizar água. Apesar de grandes consumidores, os condomínios estão colaborando bastante e os resultados são dignos de elogio. Nas áreas comuns, acabou a farra de lavar o pátio e regar jardins com mangueiras. Nos apartamentos, o desperdício foi substituído por medidas simples de economia.
As contas baixaram, mas a crise hídrica não está nem perto de acabar. Ocorre que, no afã de acertar, muitos síndicos acabam exagerando e, de forma precipitada, adotam medidas abusivas e impopulares. Sábado passado, participei de um encontro da Assosindicos (Associação dos Síndicos do Estado de São Paulo) justamente para debater o papel dos síndicos na crise. As conclusões foram as seguintes:
1) O síndico não pode e não deve decidir sozinho a suspensão do fornecimento de água durante algumas horas ou dias. Tal decisão deve ser tomada em assembleia, com participação dos moradores.
2) Os condomínios podem e devem discutir a adoção de procedimentos no interior de todos os apartamentos, como instalação de redutor de pressão nas torneiras e chuveiros, troca dos "courinhos" das torneiras e inspeção para detectar vazamentos. O morador que não colaborar poderá ser advertido.
3) A medição individualizada do consumo de água, com um hidrômetro para cada apartamento, é a forma mais justa e correta para que o morador consciente pague uma conta pequena e o morador "gastão" pague pelo desperdício. Mesmo em edifícios antigos, é tecnicamente possível fazer a medição individual, apesar dos custos maiores. Tudo deve ser aprovado em assembleia, com maioria simples dos presentes.
4) Síndicos e administradores não podem relaxar e precisam manter campanhas ativas de conscientização dos moradores, com cartas, circulares e avisos nos elevadores.
5) Medidas mais complexas e custosas devem ser estudadas, como obras para captação e armazenamento de água e poços artesianos.
Para lamentar, temos a tímida atuação da Sabesp, que não incentiva e não oferece meios efetivos para a medição individualizada do consumo nos apartamentos.
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