Parte dos moradores diz que vai resistir e ficar em terreno invadido
Parte dos moradores do terreno que foi desapropriado hoje (5) na zona sul de São Paulo promete resistir e não deixar o local. Já um outro grupo que vive na área, localizada na Vila Andrade (zona sul de SP), começou a arrumar a mudança após negociar com a PM.
Antes da negociação, os moradores fizeram barricadas e fecharam os dois sentido da avenida Doutor Guilherme Dumont Vilares.
Manifestantes liberam avenida e começa a reintegração de posse na zona sul
Os moradores que se recusam a sair dizem que só deixam o local se forem mortos. Segundo os moradores, a favela tem mais de 40 anos e eles foram vítimas de um golpe de integrantes da própria comunidade.
Sinaria Santana Silva, 33, é dona de casa e mora na região há 18 anos. De acordo com ela, outros parentes estão na favela desde os anos 1970.
"Alguns moradores tinham o usucapião de alguns lotes, no total são sete. Um desses moradores comprou o lote por mixaria e pediu a reintegração completa da área", disse Sinaria, que tem um filho de 16 anos que tem paralisia cerebral.
Ela reclama que não tem para onde ir e que a prefeitura simplesmente "colocou as famílias no olho da rua".
"O prazo é para a reintegração terminar é às 19h, mas eu só vou sair daqui morta. A casa é minha e daqui ninguém me tira", disse.
A decisão de resistir também é compartilhada pelo gesseiro Jair Souza, 25. Ele é novo na comunidade, mas já disse que pretende ficar mesmo se tudo for destruído.
"Outras favelas daqui já estão nos ajudando. Tá vindo lona e madeira. Se tudo for destruído vou acampar em cima dos entulhos", disse o morador.
Apesar da resistência de alguns moradores, a reportagem pode verificar que a maioria das pessoas da comunidade retiravam os móveis e abandonavam as casas. Muitos disseram que iriam para casas de parentes.
Aos moradores, a prefeitura ofereceu abrigo. Os proprietários do terreno disponibilizaram 12 caminhões para a mudança, além de depósitos judiciais para onde serão levados os móveis por 30 dias.
De acordo com a PM, ao menos 40 policiais trabalham na reintegração de posse. O espaço é ocupado por cerca de 57 famílias.
Nas ruas próximas da comunidade é possível ver a movimentação de uma retroesacavadeira que deve ser utilizada na demolição das casas.
De acordo com Suzete Maria Garcia Mendes, oficial de justiça do Fórum de Santo Amaro a área tem sete lotes e todos pertencem à Christiane Coppola Bove Santos, entre outros proprietários.
O advogado das famílias, Ramon Koelle, diz que a antiga proprietária do terreno estava com processo de usucapião do local. "Só que usucapião é pessoal, você só pode usucapiar para você. Ela [proprietária] colocava outros para morar nessa área. Então, o processo de usucapião tinha que ser em nome dessas famílias", defende.
Vitalina Cardoso Silva, de 48 anos é uma das moradoras mais antigas da comunidade. Ela diz que não tem para onde ir. "É muito triste, porque a minha vida eu fiz aqui. Meus filhos nasceram e se criaram aqui. Eu vim para cá com 18 anos", lamenta.
BONS VIZINHOS
A assistente social Sonia Santana, 40, mora em um apartamento de luxo próximo da comunidade. De acordo com ela, a comunidade era tranquila.
"Nunca tivemos problemas com eles. Aqui é muito tranquilo para se morar a convivência sempre foi pacífica", disse.
Segundo uma outra moradora, que prefere não se identificar, pela localização e pela alta especulação imobiliária da região, o espaço deve ser vendido para a construção de um bloco de apartamentos.
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