Custo de R$ 20 milhões deve barrar árbitro de vídeo no Brasil em 2017
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
Marcelo de Lima Henrique durante jogo válido pelo Brasileiro-2016 |
A implantação da tecnologia de vídeo no futebol nacional ficará para a próxima temporada. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decidiu adiar o uso da tecnologia por considerar o valor inviável financeiramente.
De acordo com a entidade, o sistema custaria aproximadamente R$ 20 milhões somente para arcar com o aspecto operacional, sem contar a remuneração dos envolvidos.
Com a decisão, a CBF vai apostar novamente nos árbitros adicionais, que ficam atrás das traves, para o Campeonato Brasileiro de 2017.
"Nosso objetivo era implantar o árbitro de vídeo neste ano, mas o processo ainda está em fase embrionária e será muito difícil, praticamente impossível. É um sistema que temos que analisar vários aspectos, como o tipo de equipamento ideal. Não pode ser de qualquer forma", disse o Coronel Marcos Marinho, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem.
A CBF negocia com cinco empresas a implantação da tecnologia de vídeo, e deseja ter no mínimo oito câmeras à disposição em cada partida.
"Temos que preparar também pessoas para fazer esse trabalho. É necessário que sejam ex-árbitros", afirmou.
Editoria de Arte/Folhapress |
Mudança na arbitragem |
De acordo com Marinho, dois testes já foram feitos na Granja Comary com as categorias de base da seleção brasileira. Um deles foi o treino da equipe sub-17 e contou com o trio de arbitragem formado pelo árbitro Marcelo de Lima e os assistentes Dibert Pedrosa e Lilian Fernandes. O manuseio foi feito pelo ex-árbitro Manoel Serapião.
A entidade ainda planeja fazer testes na Copa do Brasil sub-17 e sub-20 e até no Campeonato Brasileiro feminino, que começa em março.
A opção pelo retorno dos adicionais foi definida após uma análise feita pela comissão de arbitragem. A solução dos dois juízes foi utilizada no Nacional entre 2012 e 2014, mas depois foi abolida. A intenção da entidade é aproveitá-los também a partir das oitavas da Copa do Brasil.
"Chegamos à conclusão de que os dois assistentes ajudam bastante quando estão bem treinados. Os árbitros aprovaram a utilização até porque não teremos a possibilidade da utilização do vídeo", afirmou Marinho.
Árbitros ouvidos pela Folha aprovaram a medida, mas com algumas ressalvas.
"É muito válida a utilização dos adicionais, já que são mais quatro olhos. Só são necessários alguns ajustes, como a utilização de árbitros experientes e equipes de arbitragem fixas", disse o baiano Jailson Macedo Freitas, 46.
Já para o carioca Marcelo de Lima Henrique, 45, ex-árbitro Fifa, é imprescindível que as "equipes de arbitragem sejam fixas para ter afinidade. Não é possível conhecê-lo [o adicional] na hora do jogo", apontou.
Marinho assegurou que as equipes de arbitragem serão fixas. Ele também afirmou que os três melhores "sextetos" —árbitro, assistentes, adicionais e o quarto árbitro— da rodada receberão um bônus de 40% a 50% na remuneração.
A melhor equipe de arbitragem no final do Brasileiro vai dividir uma premiação de R$ 500 mil.
Reprodução | ||
Bola quica dentro do gol após cobrança de falta de Douglas, do Vasco, e árbitro não vê |
SAIBA MAIS
Aprovada pela Comissão Nacional de Arbitragem, a utilização dos árbitros adicionais já provocou confusão em alguns jogos.
Duas aconteceram no Estadual do Rio. Em 2014, o meia Douglas, ex-Vasco e atualmente no Grêmio, marcou um gol de falta durante duelo contra o Flamengo. A bola ultrapassou mais de 30 cm a linha do gol, mas o adicional Rodrigo Castanheira, que estava de frente, não viu.
Neste ano, o Botafogo venceu o Macaé com um gol irregular aos 52 minutos do segundo tempo. O adicional Leandro Newley não viu a bola sair pela linha de fundo. Na jogada, Guilherme cruzou e Vinícius Tanque marcou.
O Estadual do Rio foi o primeiro que utilizou os dois árbitros atrás do gol —em 2008.
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