Marin e mais seis dirigentes devem ser levados aos EUA
PRISÃO A pedido da Justiça norte-americana, todos foram detidos durante congresso da Fifa na Suíça
Uma operação policial contra a corrupção sem precedentes na história do futebol deteve o ex-presidente da CBF José Maria Marin, 83, e outros seis dirigentes da Fifa durante um congresso da entidade em Zurique (Suíça).
A ação ocorreu a pedido do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e teve a participação do FBI, a polícia federal norte-americana.
Além de Marin, foram detidos Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel. Todos foram banidos provisoriamente pela Fifa de todas as atividades relacionadas ao futebol.
Apesar de não ser mais o mandatário da CBF, Marin ainda ocupa a vice-presidência da entidade e é membro do comitê organizador do futebol na Olimpíada. Ele terá de deixar esses dois cargos.
Os dirigentes participariam do congresso da Fifa e da eleição para presidente da federação, nesta sexta-feira (29). O presidente, Joseph Blatter, que deverá ser reeleito, não está entre os investigados.
Os detidos devem ser extraditados para os Estados Unidos, onde a Procuradoria de Nova York apura o caso.
O ex-vice da Fifa e ex-presidente da Concacaf, Jack Warner, se apresentou à polícia em Trinidad e Tobago, onde mora, pagou fiança, mas iria passar a noite na prisão --não havia nenhum pedido de extradição contra ele.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a maior parte do esquema envolvia subornos e propinas entre dirigentes da Fifa e executivos do setor na comercialização de jogos e direitos de marketing de vários campeonatos.
Entre eles estão as eliminatórias da Copa do Mundo nas Américas do Norte e Central, a Copa Ouro, a Liga dos Campeões (todas organizadas pela Concacaf), a Copa América, a Libertadores (ambas organizadas pela Conmebol) e a Copa do Brasil, da CBF.
As autoridades também investigam o pagamento de propina envolvendo o patrocínio da CBF por uma grande empresa de material esportivo dos EUA, a escolha da África do Sul como anfitriã da Copa de 2010 e as eleições presidenciais da Fifa em 2011.
Os agentes chegaram no início da manhã ao luxuoso hotel cinco estrelas Baur au Lac, em Zurique. Braço direito de Marin, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, está no mesmo hotel. Ele não está entre os acusados.
Segundo a polícia, a investigação envolve um esquema de corrupção mais de US$ 100 milhões (R$ 317 milhões) na Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a torneios.
As contas bancárias dos acusados na Suíça foram bloqueadas. A suspeita é que elas foram usadas para receber dinheiro de propina.
Outros dois brasileiros estão envolvidos. Um deles é réu confesso. José Hawilla, 71, dono da Traffic Group, que tem os direitos de transmissão, patrocínio e promoção de campeonatos de futebol e jogadores, além de empresas de comunicação.
Segundo o governo dos Estados Unidos, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) de seu patrimônio.
Argentino naturalizado, José Margulies, conhecido como José Lazaro, é outro envolvido no caso. Ele intermediava contratos da Conmebol com emissoras de TV e empresas de marketing.