Após temor do governo, Renan diz que vai manter calendário da PEC do Teto
Apesar do temor do governo de que a crise entre Legislativo e Judiciário atrase a agenda econômica no Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou a aliados que não vai retaliar o Planalto e manterá o calendário de votação da PEC do Teto na Casa.
O roteiro dos senadores da base do presidente Michel Temer é que a proposta seja votada em primeiro turno em 29 de novembro e, em segundo turno, dia 13 de dezembro.
Segundo a Folha apurou, Renan disse a interlocutores que teve uma "reação política" à operação da Polícia Federal que prendeu quatro agentes da polícia legislativa dentro do Congresso, mas que não iria prolongar a crise, muito menos atrasando a pauta econômica.
Na tarde desta quarta-feira (26), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entregou o texto da PEC nas mãos de Renan, no gabinete da presidência do Senado. Em seguida, o peemedebista fez a leitura da proposta no plenário, esperando promulgá-la em 14 de dezembro.
Um aliado de Renan observou que, se ele quisesse atrasar a tramitação, não receberia a PEC tão rápido. "Ele não é Eduardo Cunha", disse o auxiliar do presidente do Senado, em referência ao deputado cassado que tinha fama de se vingar politicamente quando contrariado.
Renan avaliou que precisava ser enfático para "defender o seu Poder" e passar pelo menos três recados quando trocou farpas públicas com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, além do juiz de primeira instância que autorizou a operação Métis. Eram eles: a polícia do Senado existe e faz um trabalho legal; a tese de que as ações dos agentes da polícia legislativa serviu para atrapalhar a Lava Jato é incorreta, visto que vários senadores que pediram varreduras anti-grampos não são investigados; e que um juiz de primeira instância não tem competência para autorizar uma operação como a Métis.
Feito isso, disse Renan a assessores, é hora de virar a página. Mesmo assim auxiliares de Temer viram recados velados nas ações do presidente do Senado e temem que ele retalie o governo em propostas importantes.
Se ocorrer como previsto, o calendário para a PEC satisfaz o Planalto, que queria a medida aprovada antes do fim do ano.
O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), porém, disse que Renan "nunca sinalizou a ninguém no Planalto" que iria atrasar ou prejudicar a votação da PEC.
"Isso não é um problema para nós. O calendário já foi anunciado pelo Renan e nada mudou. Ponto final", afirmou Geddel à Folha.
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