Republicanos irão às primárias de 2016 com recorde de presidenciáveis
Ao anunciar, na segunda (13), que concorrerá à nomeação republicana para disputar a Presidência em 2016, o governador do Wisconsin, Scott Walker, 47, tornou-se o 15º pré-candidato do partido: um recorde em 161 anos da sigla.
Nas últimas duas eleições, 12 -o recorde anterior- disputaram a vaga republicana.
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O grande número de nomes é atribuído a uma conjunção de fatores, que vão desde a ausência de um candidato que seja capaz de se destacar na liderança das pesquisas à importância alcançada pelas mídias sociais, que permitem uma boa visibilidade até para políticos pouco conhecidos.
O leque de opções ainda pode aumentar, já que há especulações sobre as candidaturas do governador de Ohio, John Kasich, e do ex-governador da Virgínia, Jim Gilmore.
Do lado democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton mantém liderança nas pesquisas com certa folga, mas há outros três nomes. Entre eles, o senador por Vermont Bernie Sanders, 73, que já começou a pressioná-la por uma agenda que enfoque o combate à desigualdade.
Apesar do grande número de pré-candidatos republicanos, Walker é um dos poucos que especialistas consideram, de fato, na disputa -junto com o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, 62, filho e irmão de ex-presidentes, e o senador pela Flórida e filho de cubanos Marco Rubio, 43.
"Eles têm um apelo maior e suas posições estão mais alinhadas com a maioria dos eleitores das primárias republicanas", explica o analista conservador Michael Barone.
Patrick Basham, diretor do Democracy Institute, considera que outros três têm "chances": Kasich, o ex-governador do Texas Rick Perry, 65 (que se autoaniquilou nas primárias de 2012 após uma série de gafes) e a ex-executiva-chefe da HP Carly Fiorina, 60.
"Todos possuem um ou mais dos pré-requisitos necessários: habilidade para levantar fundos, nome conhecido nacionalmente, currículo de sucesso e apelo nos 'Estados-pêndulo' [sem preferência partidária definida]", afirma.
Infográfico CORRIDA REPUBLICANA - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress
DOAÇÕES
A maior facilidade do financiamento, com doações ilimitadas permitidas por meio de comitês de ação política conhecidos como Super PACs, é citada pelos especialistas como determinante para a avalanche de pré-candidaturas.
"Vimos nas eleições de 2012 que é possível financiar campanhas com o apoio de um ou dois grandes doadores. Sabendo que poderão se sustentar por mais tempo, mais candidatos se dispõem a competir", diz o consultor Tony Fratto, que trabalhou para o ex-presidente George W. Bush, e agora apoia seu irmão, Jeb.
Disputas em que não há um candidato à reeleição já costumam atrair mais candidatos de oposição, mas, para Fratto, o fato de Bush, o líder das pesquisas até agora, estar afastado do cenário político há algum tempo, motivou outros republicanos a desafiá-lo.
Na média de sondagens feita pelo site Real Clear Politics, Bush aparece com 18% das intenções de voto contra 9,8% de Walker, o segundo.
Para Julian Zelizer, historiador da Universidade Princeton, o problema da grande quantidade de nomes é não só a disputa por espaço, sobretudo em debates, mas a ascensão de figuras polêmicas como o magnata Donald Trump -que ofendeu mexicanos e cresce nas pesquisas. "Dá espaço para 'indomáveis' como Trump dizerem coisas que podem prejudicar o partido."
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