Coreia do Norte ordena tomada militar de complexo industrial intercoreano
A Coreia do Norte ordenou nesta quinta (11) a tomada por militares do complexo industrial de Kaesong, o maior símbolo de cooperação entre as duas Coreias, e cortou duas importantes linhas telefônicas, uma civil e militar, pelas quais autoridades de Seul e Pyongyang se comunicavam.
O anúncio foi uma retaliação à Coreia do Sul, que havia começado a repatriar seus cidadãos que trabalham em Kaesong, um dia depois de Seul ordenar o fechamento do parque industrial, em resposta ao lançamento de um foguete por parte do regime de Kim Jong-un no último domingo (7).
Para o governo de Seul, a ação dissimulou um teste de mísseis.
Yonhap/Efe | ||
Na fronteira, veículos da Coreia do Sul aguardam em fila para entrar no complexo industrial de Kaesong |
Antes do anúncio norte-coreano, que ameaçou deportar todos os trabalhadores sul-coreanos que ficassem no complexo, o governo de Seul esperava retirar seus cidadãos no prazo de uma semana. Segundo o Ministério da Unificação, ligado à Coreia do Sul, todos os 248 trabalhadores do Sul, de um total de 805, que ainda estavam no local já voltaram ao país.
Kaesong abriga 124 empresas sul-coreanas e proporciona emprego a cerca de 54 mil norte-coreanos, que recebem, em média, salários de cerca de US$ 160 por mês. O montante é pago ao governo norte-coreano, que repassa cerca de 20% desse valor aos cidadãos em cupons e moeda local.
Para a empobrecida Coreia do Norte, o complexo é uma importante fonte de divisas, fornecendo ao governo milhões de dólares por ano, pelas deduções dos salários de seus operários.
O empresário sul-coreano Chang Beom Kang, que tem uma confecção em Kaesong desde 2009, disse à Associated Press que nenhum dos seus 920 funcionários norte-coreanos apareceu para trabalhar nesta quinta. Segundo ele, os gerentes sul-coreanos da empresa tentaram atravessar a fronteira com parte da produção, mas tiveram que retornar à fábrica e deixar as mercadorias devido ao anúncio norte-coreano, que também prevê o congelamento de bens de empresas do Sul em Kaesong.
Ed Jones/AFP | ||
Manifestantes sul-coreanos realizam protesto contra lançamento de foguete pela Coreia do Norte |
Segundo o governo de Seul, as divisas que Kaesong proporciona a Pyongyang "não deveriam servir para o desenvolvimento de armas de destruição em massa, quando a comunidade internacional está pressionando para endurecer as sanções sobre a Coreia do Norte".
Apesar disso, a Coreia do Sul diz estar aberta à possibilidade de reabrir o complexo industrial, caso as relações bilaterais melhorem.
Em 2013, o complexo de Kaesong ficou fechado por cinco meses, quando, em desafio à ONU, Pyongyang fez seu terceiro teste nuclear. A suspensão causou prejuízos de ao menos US$ 580 milhões a empresas sul-coreanas.
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