É crítico da Folha e autor de cinco livros, entre eles "Pavões Misteriosos - 1974-1983: a explosão da música pop no Brasil" (Editora Três Estrelas). Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Viva rápido, morra idoso
Uma parte importante da história do rock se foi em 28 de dezembro de 2015, quando chegou ao fim a saga de Ian "Lemmy" Kilmister. Por 70 anos, Lemmy bebeu mais, farreou mais, tomou mais porcarias, transou com mais mulheres e fez mais barulho que qualquer um. Foi mentor e líder do Motörhead, uma banda que fez, como poucas, a ponte entre o heavy metal e o punk rock.
Esta coluna é inteiramente dedicada a tio Lemmy. Sua morte foi chorada por uma variedade impressionante de tribos: metaleiros, punks, góticos, hippies, bikers, rockabillies, todo mundo o idolatrava.
Laurent Gillieron/Efe | ||
Lemmy Kilmister, do Motörhead, morto em dezembro de 2015 |
Lemmy foi um personagem único: cresceu nos escombros da Segunda Guerra, foi abandonado pelo pai e vagou pela Europa em estilo hippie, sem nada na cabeça ou nos bolsos.
Nos anos 1960, caiu de amores pelo rock de Little Richard, Eddie Cochran e Johnny Kidd and the Pirates, viu os Beatles no Cavern Club, foi assistente de palco de Jimi Hendrix e entrou para o Hawkwind, banda-símbolo da "porralouquice" psicodélica inglesa.
Em 1975, fundou o Motörhead. Ninguém entendeu nada. Era um trio —com Lemmy no baixo e vocal, "Fast" Eddie Clarke na guitarra e "Philthy Animal" Taylor na bateria— que ficava no meio do caminho entre o punk e o metal, com uma pitada de blues pesado para confundir ainda mais as coisas.
O conjunto nunca fez parte de estilos ou tendências. Lemmy sempre abria os shows com uma frase simples e que resumia bem a banda: "Nós somos o Motörhead e tocamos rock and roll".
Em 2010, os cineastas Greg Oliver e Wes Orshoski lançaram o documentário "Lemmy", que dá uma boa ideia do que o homem significou para tanta gente. Entre os entrevistados estão Ozzy Osbourne, Slash, James Hetfield, Captain Sensible (The Damned), Peter Hook e muitos outros. O clima é de reverência.
O filme mostra o personagem em momentos íntimos e inesperados: trocando histórias de namoradas com o filho, jogando fliperama em seu quartel-general habitual, o bar Rainbow, em Los Angeles, e relaxando em seu pequeno apartamento em West Hollywood. A vida simples de um deus do rock.
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