Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Só faltou brilho
Sabe a Copa do Mundo que acabou 15 dias atrás aqui no Brasil?
Não sabe, não. Ou, melhor respondendo, você até pode saber, mas o pessoal que joga o Brasileirão parece desconhecer.
Tirante o Cruzeiro, é verdade, que em apenas 12 rodadas já tem uma vantagem importante sobre seus concorrentes (cinco pontos) e marcou 28 gols, mais de dois por jogo e oito a mais que o segundo melhor ataque, o do Fluminense.
Veja, por exemplo, o que aconteceu no dérbi paulistano, tão aguardado pelos motivos de sempre e acrescido por ser o primeiro no novo estádio corintiano.
Sabe quantos chutes o Palmeiras deu a gol no primeiro tempo? Nenhum!
Já o Corinthians ameaçou a meta alviverde três vezes, todas depois do 41º minuto de jogo.
Sabe os gols que saíram e os goleiros que brilharam na Copa?
Pelos gramados do patropi parecem proibidos, embora até que o palmeirense Fábio fez uma boa defesa no segundo arremate alvinegro, de Guerrero.
Verdade que Gil ainda cabeceou no travessão, mas, convenhamos, é pouco para quem tem aqueles 7 a 1 no quengo.
Não, ninguém exige quatro gols em seis minutos porque estamos falando de futebol e não de handebol, aquele esporte que os alemães andaram praticando no Mineirão.
Verdade, também, que o Corinthians manteve, no começo do segundo tempo, o apetite do fim do primeiro e logo marcou seu gol na primeira vez em que Elias apareceu como armador, e não como destruidor, para Guerrero aproveitar.
Verdade, ainda, que, enfim, o Corinthians não se limitou a garantir a vantagem e partiu em busca do segundo gol, sufocando o rival.
Diga-se que a diferença de talentos individuais entre os dois times é abissal, o que o jogo coletivo esmeraldino procurou compensar até com algum sucesso, mérito do argentino Ricardo Gareca.
O diabo é que se você disser para um corintiano que o clássico deixou a desejar e que empurra-empurra e reclamar do árbitro, além de fazer faltas sem parar, não são ingredientes que enaltecem o dérbi, ele dirá que o importante é vencer, como Mano Menezes não diz, mas pratica.
O sufoco final a que o Palmeiras submeteu o adversário, mesmo sem exigir nenhuma defesa de Cássio, pode ser creditado à natural necessidade de quem está perdendo, mas a incapacidade de se impor como melhor dá a medida de um jeito pobre de ser.
Um dia os profissionais brasileiros se convencerão de que ganhar é essencial, mas o espetáculo é a razão de ser de qualquer atividade de entretenimento.
Como foi espetacular a nova jogada de Elias que redundou no segundo gol, o de Petros.
KAKÁ DE VOLTA
Animadora a reestreia de Kaká. Não que tenha sido exuberante, mas boa o bastante pela movimentação, liderança e pelo gol, porque só ganha presente quem está presente para recebê-lo.
Tomara que Ganso e Pato se contaminem pelo esforço do veterano que já foi o melhor do mundo.
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