Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Amarga despedida
O futebol é assim. Houve um momento ontem em que o Corinthians poderia chegar até ao vice-campeonato, quando vencia o Fluminense e o São Paulo empatava, como empatou, com o Figueirense.
Mas quando o Corinthians sai na frente, como saiu, muito cedo, o corintiano sabe que haverá garantia de sofrimento. Não esperava, no entanto, que fosse de humilhação, porque levar de 5 a 2 de um time que não queria mais nada e no Maracanã vazio, sem pressão, não há o que justifique.
Talvez haja, nos erros de arbitragem, mas do mesmo jeito que foram marcados dois pênaltis inexistentes contra o Corinthians, foi marcado um a favor que também não aconteceu. A diferença?
A diferença foi que os tricolores aproveitaram suas duas cobranças e o alvinegros não, além de terem perdido gols aos borbotões. Já o Flu pratica, e eficazmente, aproveitou todas as chances que criou, sem permitir que Cássio fizesse as ótimas defesas de Diego Cavalieri.
Pense no Fred. Ele estava no Mineirão no 1 a 7 alemão, no 2 a 5 do América potiguar e no 1 a 4 da Chapecoense, ambos no Maracanã. E ontem, quando fez dois gols e virou artilheiro isolado do Brasileirão...
Porque assim é o futebol.
O Corinthians não perdeu apenas a chance de ser vice-campeão e a garantia de vaga na Libertadores, o que obteria com o empate. É possível que tenha entregue ao Inter a terceira vaga direta no torneio continental e ainda deu ao Grêmio o direito de sonhar com a quarta, dependendo do que conseguisse contra o Bahia, pois o Alvinegro, com vitória gaúcha, precisaria ainda, em casa, de um ponto contra o rebaixado Criciúma na derradeira rodada.
Perdeu, ainda, muito provavelmente, o que restava de esperança na manutenção do trabalho de Mano Menezes pelo segundo ano seguido.
Não bastasse a goleada acachapante, o treinador arrumou nova expulsão, depois de ter falhado miseravelmente ao não conseguir passar a seus jogadores a importância do que estava em jogo.
Mais ou menos como aconteceu quando o time foi derrotado pelo Figueirense na inauguração do estádio corintiano.
No Maracanã, pareceu que era o Flu que brigava pela Libertadores.
CONSOLO
Ao corintiano só resta um consolo: a situação do rival Palmeiras é bem pior, embora também apenas na dependência de seu resultado, em casa, contra o Furacão.
Verdade que no Palestra, ao menos, os sócios estão felizes com a situação, tanto que reelegeram a diretoria ou, então, consideraram a oposição ainda pior.
Por pau ou por pedras, fato é que corintianos e palmeirenses passarão a semana ansiosos.
SUSTO
De repente, o Brasil se deu conta de que o Rei do futebol não é imortal.
Além da natural apreensão com seu estado de saúde, o país pareceu perplexo com a possibilidade de acontecer o pior, embora Pelé já tenha 74 anos.
Agora que o pior já passou, lembremos de uma promessa real: "Vou dar o pontapé inicial do jogo de meu centésimo aniversário, no Maracanã".
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