Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Beleza não se põe à mesa
Primeiro foram os técnicos com o discurso de que importante são os três pontos.
Não demorou para que encontrassem seguidores entre os jogadores: "Hoje o importante era ganhar", repetem feito papagaios.
De uns tempos para cá, também os comentaristas engrossam o coro, ainda mais se o jogo for fora de casa e os visitantes vencerem. Ainda mais se na Libertadores.
Pois eis que o Corinthians jogou já duas vezes fora de casa no torneio continental e ganhou os seis pontos que, somados aos três conquistados em seu campo, garantem o aproveitamento de 100%. Melhor estraga, dirá o idiota da objetividade.
Mesmo?
Talvez.
Se não, vejamos.
O Corinthians estreou na fase de grupos passando com facilidade pelo São Paulo numa noite em que o grande rival apequenou-se de tal forma que desencadeou uma crise de cima a baixo no Morumbi.
Como ganhar do Tricolor tem um sabor especial para os fiéis, nem se cogitou de que aquele 2 a 0 poderia ter sido muito mais. Estava de bom tamanho.
Em seguida veio o jogo em Buenos Aires, contra os atuais campeões do San Lorenzo.
O sofrido 1 a 0, em noite de Cássio e de bola na trave para o time do Papa, valeu pela piada de que "Deus é Fiel" e ficou por isso mesmo. Importante foram os três pontos.
Anteontem, finalmente, o jogo em Montevidéu, contra o campeão do futebol uruguaio, de tanta tradição.
Num gramado excelente e num estádio sem pressão, porque o Danubio, ao contrário do que disse Tite no intervalo, não é grande –como o título brasileiro do Guarani, em 1978, não fez grande o clube campineiro. (Com a diferença de que era um timaço, com pelo menos três craques, os meio-campistas Zé Carlos, Zenon e Renato, além de um gênio, o centroavante Careca).
No Uruguai, o Corinthians fez um primeiro tempo sonolento e o pouco que jogou no segundo permitiu nova vitória, por 2 a 1, com direito a desperdiçar um pênalti.
Então, reclamar do quê? De nada, de nada.
Só constatar que o equivalente à Libertadores na Europa, a Liga dos Campeões, proporciona espetáculos que até parecem ser de outro esporte.
"Beleza e formosura não dão pão nem fartura", eis outro provérbio do qual deriva o que serve como título da coluna.
Desde 1982, quando Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, além de Leandro, Júnior e Éder, sob o comando de Telê Santana, perderam para a Itália, em Sarriá, somos obrigados a conviver com o pragmatismo do futebol de resultados, embora, para citar só um exemplo, Pep Guardiola e seus Barcelona e Bayern de Munique já tenham desmoralizado os adeptos do futebol de resultados.
Mas, vai ver, idiota da objetividade é quem lhe escreve porque, dirão a rara leitora e o raro leitor, "quem ama o feio, bonito lhes parece".
HISTÓRICO
Se o inesperado não fizer uma surpresa, hoje Dilma Rousseff assina a MP do Futebol.
Gol dela, do Bom Senso FC e do ex-deputado estadual do PT paulista, Edinho Silva. Promessa cumprida.
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