Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
De cinco, ficaram quatro
Éramos cinco, ficamos quatro.
O Palmeiras caiu fora precocemente, ainda na fase de grupos, ao ceder sua vaga para equipes de investimento infinitamente inferior, o uruguaio Nacional e o argentino Rosario Central.
Corinthians, Galo, Grêmio e São Paulo permaneceram, mas apenas os dois alvinegros como primeiros de seus grupos.
O futebol argentino começou o torneio com seis representantes, segue com cinco, só o San Lorenzo caiu, e três deles, River Plate, Boca Juniors e Rosario Central como líderes em suas chaves, cabendo ao Racing, no grupo do Boca, e ao Huracán dois segundos lugares, como aos nossos tricolores.
Inegável a frustração causada pelos palmeirenses, embora não seja surpreendente que tenham ido tão mal.
Lembremos que o Palmeiras ganhou sua vaga ao ser campeão de uma Copa do Brasil em que só jogou bem a última e decisiva partida.
Além do mais, o nível atual do futebol brasileiro não é mesmo para ter maiores pretensões, tanto que no grupo verdadeiramente difícil, o do Grêmio, os gaúchos obtiveram apenas o segundo lugar.
Dramática mesmo foi a classificação do São Paulo, com todos os ingredientes que fazem do futebol um esporte maluco, com zagueiro indo jogar de goleiro e o diabo a quatro, num empate heroico na desumana altitude de La Paz.
Provavelmente o Santos, não tivesse perdido apaticamente a Copa do Brasil, teria sobrevivido à fase de grupos, mas esta é uma especulação como outra qualquer, baseada apenas no que tem apresentado o time comandado por Dorival Júnior, algo que poderemos tirar a limpo hoje mesmo, na Vila Belmiro, no novo embate entre praianos e alviverdes, pela semifinal do Paulistinha.
De tudo que se viu até agora no torneio continental, de encher os olhos mesmo só o Atlético Nacional, que tem apenas dois titulares da seleção colombiana, mas um time fisicamente forte, alto e que pressiona o adversário tanto dentro quanto fora de casa.
Curiosamente, a melhor exibição brasileira até aqui foi do São Paulo, quando derrotou o River Plate no Morumbi.
Claro que houve goleadas do Grêmio, do Galo, do próprio São Paulo, do Palmeiras e do Corinthians, mas, convenhamos, contra times fracos, fraquíssimos.
Agora chegou a hora dos mata-matas e não será fácil para ninguém.
O Nacional que ocupou o que se imaginava ser a vaga do Palmeiras, mas que o derrotou duas vezes, lá e cá, será o adversário do Corinthians, segundo jogo em Itaquera que, no ano passado, frustrou-se com a vitória do Guaraní paraguaio.
Tradição não falta ao clube uruguaio, tricampeão continental e mundial, nos anos de 1971, 1980 e 1988, quando, de fato, assustava, e atual campeão nacional.
O São Paulo, sem Denis, que não chega a ser um problema, mas sem Calleri, um problemaço, recebe o mexicano Toluca e volta a subir a montanha no jogo de volta, a 2.680 m de altitude, quase mil a menos que La Paz, mas, mesmo assim, nada desprezível. Provavelmente, por todas as circunstâncias, o Tricolor chegou ao seu limite.
Galo x Racing e Rosario Central x Grêmio: haja Brasil x Argentina para agitar o panorama do futebol continental.
Dois embates abertos.
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