Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
É real: todo mundo japonês!
Kazuhiro Nogi/AFP | ||
Cristiano Ronaldo festeja gol na vitória do Real Madrid sobre o Kashima Antlers |
Quando Shibasaki (quem?!!!) fez Kashima Antlers 2, Real Madrid 1, já no oitavo minuto do segundo tempo da final do Mundial de Clubes FIFA, o fantasma do Mazembe e do Raja Casablanca tomou conta do mundo do futebol. Com a diferença de que tanto o Inter quanto o Galo haviam sido derrotados em semifinais e o que estava acontecendo em Yokohama definia simplesmente a campeão de 2016.
(Antes de seguir: Gaku Shibasaki tem 24 anos, é meio campista, capitão do Kashima, jogador da seleção japonesa e autor dos dois gols nipônicos na derrota por 4 a 2 para os campeões europeus.)
Os madridistas haviam saído na frente com Benzema, levado a virada com um gol no final do primeiro tempo e outro no começo do segundo quando, então, resolveram levar o jogo mais a sério.
Mesmo assim, só empataram de pênalti com Cristiano Ronaldo e viram a decisão ir para a prorrogação, quando a máquina de fazer gols portuguesa marcou mais duas vezes e deu ao Madrid o seu segundo Mundial Fifa, o quinto título contando os três da Copa Intercontinental, superando o Milan.
Pensar no Kashima campeão minimizaria os vexames do Colorado e do Galo?
Cobriria o Madrid de opróbrio?
Ou acabaria de uma vez por todas com a discussão sobre não haver mais bobos no futebol?
Claro que haveria sempre quem dissesse que o campeão europeu jogou de salto alto, que a arrogância perdeu para a abnegação, que o trabalho em equipe nipônico superou o exibicionismo das estrelas reais etc etc.
O ano que começou com o Leicester campeão inglês só faltava terminar com o Kashima campeão mundial.
Em tempo: Antlers significa chifres.
Sim, a vitória do time anfitrião seria uma verdadeira chifrada em todos nós, metidos a entender de futebol, a decifrar seus mistérios, a antecipar seus resultados.
Quem acordou tarde e não viu a decisão, ao saber o resultado de 4 a 2 deve ter pensado: "Estava na cara que seria uma goleada!".
Já Cristiano Ronaldo definiu melhor o que houve: "Finais são assim. Há que sofrer".
"Mas mesmo contra japonês?", perguntará você, rara leitora, caro leitor.
Sim, humildemente, responde o colunista, cada vez mais convencido de que acabaram as distâncias no mundo globalizado.
LAMBANÇA ELETRÔNICA
Pusilânime, o soprador de apito não expulsou Sergio Ramos de campo o que deixaria o Real Madrid com 10 jogadores na prorrogação.
Fecho de lata para arbitragem de um torneio que não poderia ser cobaia para a necessária arbitragem tecnológica também no futebol.
A Fifa até parece querer desmoralizar a ferramenta e dar razão aos conservadores que não a admitem, embora seja necessária e possa até se transformar numa atração a mais nos jogos, desde que usada com rapidez e transparência.
Para tanto e por ser o futebol o que é, o mais popular esporte do planeta, será preciso testar, testar e testar. Em competições menores, nunca num Mundial.
Mesmo sabendo-se de antemão que nada será antídoto para a covardia, como no caso do soprador que deixou o capitão madridista em campo.
Mas que não venha a politiqueira e nebulosa CBF dizer que não tem dinheiro para implantar a tecnologia.
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