Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Quem não tem estrelas ataca com trabalhadores; pode dar certo e errado
Henrique Campinha/Futura Press/Folhapress | ||
Cícero celebra gol na vitória do São Paulo sobre o PSTC, pela Copa do Brasil |
A SELEÇÃO brasileira de 1970 tinha Carlos Alberto Torres, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino e foi esplendorosa.
A de 2006 tinha o "quarteto mágico", Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Kaká, além de Roberto Carlos, e levou inesquecível baile de uma estrela só, Zinedine Zidane.
O Flamengo de 1981 com Leandro, Júnior, Andrade, Adílio e Zico era um espetáculo, mas o de 1995, com o "ataque dos sonhos", Romário, Edmundo e Sávio redundou em tremendo fiasco.
Às vezes um time de operário dá melhores resultados ou alguém apostaria que uma defesa com Cássio, Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos, com Ralf de cabeça de área, seria campeã mundial de clubes de 2012?
Em 1984/85, a "SeleCorinthians" com Carlos, Édson, De Léon, Juninho, Wladimir, Dunga, Zenon, Serginho Chulapa, Casagrande, não deu liga.
Assim é e sempre foi no futebol.
Mais estrelado que o Cruzeiro, sem trocadilhos, de Raul, Piazza, Zé Carlos, Dirceus Lopes e Tostão só mesmo o Santos de Gylmar, Mauro Ramos de Oliveira, Zito, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Duas constelações pra lá de bem-sucedidas.
Tudo isso para dizer que temos de tudo nos quatro grandes paulistas neste início de temporada.
As estrelas alviverdes, os operários corintianos, o equilíbrio santista e o trio tricolor Rogério Ceni&Cueva&Pratto disposto a fazer barulho.
Qual time irá mais longe?
Se for para apostar no óbvio, não há dúvida, a aposta é o Palmeiras, agora que Borja chegou para completar o que pode perfeitamente vir a ser uma terceira Academia.
O azarão é o Alvinegro paulistano com um grupo coeso, aparentemente disposto a morrer em campo e cujo maior destaque é o goleiro, único remanescente do bicampeonato do Mundial de Clubes Fifa.
Já o Alvinegro santista está pronto e quem dele duvidar no atual panorama do nosso futebol quebrará a cara, porque sabe o que quer e não precisa ter pressa.
Finalmente, o São Paulo. Falta muito? Falta. Mas já apresenta claramente uma ideia de jogo e a ideia é boa. Está tomando todos os gols que pode tomar em fins de jogos agora para não tomá-los adiante.
E o adiante não é a sequência do Paulistinha.
Nada que aconteça nele é decisivo para coisa alguma e tamanha obviedade não pode se limitar ao discurso do bom senso, mas precisa ser exercitado pela cartolagem sempre disposta a sucumbir diante da pressão tresloucada de torcedores que entendem tanto de futebol quanto de plantação de ovo.
AINDA O CENTENÁRIO
Raras leitoras e raros leitores querem saber as seleções da coluna para o portentoso caderno sobre os 100 anos do Dérbi.
A do Corinthians, sempre lembrando que me limito aos que vi jogar: Gylmar, Zé Maria, Gamarra, Amaral e Roberto Belangero; Dino Sani, Rivellino e Sócrates; Cláudio, Ronaldo e Tévez, com Tite como técnico.
A do Palmeiras: Marcos, Djalma Santos, Luís Pereira, Djalma Dias e Roberto Carlos; Dudu, Ademir da Guia e Rivaldo; Julinho, Artime e Djalminha, sob Vanderlei Luxemburgo.
A seleção mista: Gylmar, Djalma Santos, Luís Pereira, Gamarra e Roberto Carlos; Dino Sani, Rivellino e Sócrates; Cláudio, Ronaldo e Rivaldo, com Tite de treinador.
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