Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Seleção volta a encantar e os cartolas da CBF demonstram falta de pudor
O pachequismo já aponta a seleção brasileira como favorita na Copa da Rússia, no ano que vem. No ano que vem!, é bom repetir e sublinhar. Até lá muita coisa pode acontecer, inclusive nada que mude o atual estado de coisas. Mas examinemos sem paixão.
Inegável que Tite tenha conseguido uma metamorfose num grupo de jogadores que já estava aí, maltratado pelo infeliz Dunga.
O então pelotão de soldados da pátria virou quase uma companhia de balé, capaz de valorizar a arte antes do resultado.
Daí conseguir sete convincentes vitórias consecutivas, 21 gols a favor, apenas dois contra.
Argentina e Uruguai caíram de três e de quatro. Não é verdade que o time brasileiro só tenha enfrentado molezas até agora.
Além do mais, além dos resultados, o desempenho tem sido agradável de ver e a organização do time leva o observador a achar que cedo ou tarde a vitória virá, tamanha tem sido a superioridade mostrada.
Sempre faltará enfrentar outras forças, uma Alemanha, com quem já há encontro marcado no histórico Estádio Olímpico de Berlim, em março do ano que vem.
Não reconhecer os feitos da atual seleção é ranzinzice. Elegê-la como a campeã ou a hexacampeã mundial em 2018 é precipitação.
Apontá-la como uma das favoritas é chover no molhado, porque a Canarinha é sempre uma das favoritas, obviedade que dispensa explicação.
Neymar está excedendo, Paulinho voltou a ser o meia que brilhou no Corinthians de 2012, Coutinho se movimenta com a leveza de quem tem talento de sobra, Casemiro é sinônimo de segurança e por aí afora.
A seleção ficou de repente madura a ponto de ver um de seus melhores e mais experientes jogadores aprontar a lambança que Marcelo aprontou no gol uruguaio e assim mesmo dar a volta por cima.
Curtamos pois este momento mágico de reencontrar uma seleção outra vez respeitada e bonita de se ver.
Sem precisar botar o carro adiante dos bois.
PUDOR ZERO
É preciso chamar a Polícia Federal, o Ministério Público, o diabo a quatro porque, desgraçadamente, o torcedor ainda não se mobiliza pela causa e os clubes são covardes e desunidos.
Mas se a carne é fraca a CBF é podre e acaba de perpretar mais um crime lesa-futebol brasileiro ao driblar a nova legislação esportiva e dar peso três ao voto das 27 federações estaduais, as capitanias hereditárias que passam a ter 81 votos contra apenas 60 de 40 clubes.
Juntas, as federações do Amapá e do Distrito Federal, sem clube algum nas principais divisões, têm seis votos enquanto, somados, Flamengo e Corinthians, os dois mais populares clubes do país e ambos na Série A, têm quatro.
A federação do Piauí, sozinha, também sem representatividade alguma, tem o mesmo peso de Inter e Santa Cruz, da Série B: dois votos.
Tudo porque a Profut exige a participação dos clubes das duas principais séries nas eleições da Casa Bandida do Futebol.
A pornográfica cláusula de barreira foi mantida, o que inviabiliza a candidatura de alguém fora do bando.
Marco Polo não viaja, mas segue livre para desrespeitar um mínimo de decoro.
Polícia, socorro!
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