Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Rivais paulistas não ajudam e obrigam a falar só do Corinthians
Daniel Vorley/Agif/Folhapress | ||
Pedro Henrique comemora gol em jogo contra Sport, em jogo da 19ª rodada do Campeonato Brasileiro |
Você já está cansado de saber que o Corinthians isso e o Corinthians aquilo.
Até o corintiano anda com certo enfado, finge humildade, celebra que com 47 pontos o time não cai mais, há até os que se dizem preocupados por achar que estão perdendo a memória, pois não se lembram mais do que é perder e, os mais sérios, perguntam se não é caso de registrar no livro de recordes o fato de o Timão ter feito mais gols (três) do que faltas (duas) na vitória contra o Sport.
Raras leitoras e raros leitores há que escrevem à redação e perguntam se aqui é a "Folha de S.Paulo" ou a Folha do Corinthians.
Mas, fazer o quê?
O Palmeiras perdeu em casa para o Furacão, por 1 a 0, como você sabe, e o São Paulo levou outra sapecada por 2 a 1, agora do Bahia, em Salvador.
O Santos ficou num miserável 0 a 0 com o Avaí.
Ora, o Palmeiras só pensa no Barcelona, o do Equador, felizmente, porque se fosse o verdadeiro nem adiantaria pensar.
Ao perder, e praticamente dar adeus ao Brasileirão como deu ao Paulistinha e à Copa do Brasil, pelo menos teve a volta de Moisés, seu melhor jogador na temporada passada, capaz de jogar como se não tivesse parado por tanto tempo.
Já o São Paulo passa por um processo semelhante ao do Corinthians, só que com sinal invertido.
Falar mais o que do Tricolor que acabou o primeiro turno na zona do rebaixamento?
Hernanes, Jucilei, Petros, Lucas Pratto, Cueva, quem mais?
Repita-se: no Corinthians jogam Messi, CR7, Neymar?
E no Grêmio, além de Luan, quem é fora do normal? Pedro Rocha, talvez?
Ah, Pedro Rocha, que saudade do original, o uruguaio que comandou o Morumbi nos anos 1970!
O pior é que quando as coisas vão mal tudo acontece – gol irregular e pênalti não marcado, como se viu na Fonte Nova.
Aí o Corinthians volta à baila, porque mesmo quando prejudicado pelos assopradores de apito e levantadores de bandeirinhas ou ganha ou, ao menos, empata, como contra o Coritiba e contra o Flamengo.
E o corintiano ainda reaparece porque, além de eufórico com o desempenho surpreendente (sim, Fábio Carille, o FC, também se disse surpreso), vê seus rivais mais ferrenhos do Trio de Ferro perderem jogos que deveriam vencer.
Aos palmeirenses e são-paulino restam apenas dois caminhos: ganhar o bicampeonato da Libertadores e escapar do rebaixamento.
Se aos alviverdes não garante o Mundial inédito da Fifa, dobra o feito dos alvinegros.
Aos tricolores restará o mantra de que clube grande não cai.
Parece menos complicado o desafio do São Paulo que o do Palmeiras, mas ambos são perfeitamente possíveis.
Impossível aparenta ser o Corinthians deixar de ser o primeiro heptacampeão desde que o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado em 1971.
A menos que o Grêmio apronte um milagre.
Porque o Santos, o único invicto na Libertadores, com o empate em Floripa já está a 12 pontos do Timão e precisará de dois milagres.
É verdade que ninguém se chama Santos à toa e milagre é coisa que acontece na Vila Belmiro, não fosse lá o berço do Rei Pelé e de Neymar, que jogará no Parque dos Príncipes.
Enquanto isso o corintiano se diverte.
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