Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Berrío reviveu nossa esquecida marca registrada
Divulgação/Flamengo | ||
O colombiano Orlando Berrío em entrevista |
O "dibre", chamado pelos cultos de drible, sempre esteve no DNA do futebol brasileiro.
Os mais velhos se lembrarão de Luisinho, o Pequeno Polegar do Corinthians, que pisava na bola, a deixava parada no gramado, acompanhava seu marcador sem ela por um metro e voltava para buscá-la.
De Mané Garrincha nem é preciso lembrar, porque até quem ainda não nasceu sabe que jamais alguém dibrou, ou driblou, como ele.
Mais recentemente Ronaldo Fenômeno foi autor de dibres desconcertantes e lembrou Pelé que os aplicava em disparadas alucinantes.
Prova de que não é preciso ser pequeno como Luisinho, 1,65 m, nem ter as pernas tortas como Garrincha.
Ronaldo é alto, 1,83 m, e Pelé um atleta perfeito, a ponto de Paulo Amaral, preparador físico da seleção bicampeã mundial, na Suécia e no Chile, em 1958/62, garantir que, graças à curvatura de seus pés, ele seria recordista mundial dos 100 m se dedicado ao atletismo.
O colombiano Orlando Berrío também é forte e alto, com 1,82 m.
Com a camisa rubro-negra do Flamengo, no palco de Mané e Pelé, apenas num lance, quando seria substituído como foi, de calcanhar, aplicou um dibre, ou drible, da vaca, em Victor Luis, do Botafogo, e deu para
Diego o gol que valeu classificação à final da Copa do Brasil.
O lateral esquerdo de ascendência lituana, Zamblauskas no sobrenome, entra para a história do futebol brasileiro como o goleiro argentino Andrada, vítima do 1.000º gol de Pelé, ou como o volante Amaral, que até hoje procura desentortar a coluna depois que, no Pacaembu, num Corinthians x Flamengo, em 1999, Romário aplicou-lhe elástico, como fazia Rivellino, e fez um golaço, no último grande dibre do Século 20.
Flamengo e Botafogo faziam um jogo chocho, sem grandes emoções ou chances de gol, até que ele teve a ousadia de desmontar, com arte, a força defensiva do rival.
"Berrío corre pra lá
Berrío toca pra cá
Victor, o bote é pra já!
Já era, nem viu passar", sintetizou em haikai o ex-ombudsman desta Folha, Mário Magalhães, repórter de primeira, biógrafo premiado, tocado pelo gol que Berrío proporcionou, encantado a ponto de versejar, porque o dibre tem razões que até a língua portuguesa, inculta e bela, desconhece.
Tomara que Berrío inspire outros a seguir sua ousadia.
Como fez Jonathan, do Furacão, contra o Corinthians, em jogo recente no Itaquerão, ao fazer fila na quase impenetrável defesa alvinegra como faz Neymar.
Porque, como o gol, o dibre é fundamental.
MARCAS
Jô ter marcado, em Chapecó, o gol 500 do Brasileirão, é coincidência.
Ter feito o seu 12º no torneio, não.
Como não é o fato de o Corinthians ter sido o único time do G4 a vencer pelo menos uma vez nas duas primeiras rodadas do segundo turno, pois o Grêmio perdeu e empatou, o Santos só empatou e o Palmeiras empatou e perdeu, em casa e para a Chapecoense padecendo de jet lag.
CHOQUE-REI
Na tabela quem mais precisa de pontos é o São Paulo.
No ambiente é o Palmeiras.
Aos palmeirenses restaram ficar no G4, afundar, hoje e em casa, o São Paulo na ZR, e depois ganhar do maior rival na Arena Corinthians.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade