É advogado, especialista em condomínios. Presidente da Associação dos Síndicos de SP e membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP. Escreve aos domingos,
a cada duas semanas.
Retrofit e valorização imobiliária
O termo em inglês significa reforma, mas o conceito atual do retrofit é "colocar o antigo em boa forma", de modo a adaptar, modernizar e embelezar um edifício antigo, preservando sua memória e história.
Nos grandes centros urbanos como São Paulo, a escassez de terrenos para a construção de novos empreendimentos impulsiona o crescimento do retrofit, aliado à vontade de morar e trabalhar em regiões centrais e bem aparelhadas.
O retrofit é comum e antigo na Europa, sobretudo em razão da rígida legislação para preservação de patrimônio arquitetônico. Estudos apontam que o retrofit bem planejado e executado pode representar uma valorização imobiliária de até 50% em relação ao preço atual, sem falar no ganho estético, funcional, tecnológico e de sustentabilidade.
De tão bom negócio, já existem empreendedores e incorporadoras que compram edifícios inteiros, em localização privilegiada, executam o retrofit integral e vendem as unidades, tal qual um condomínio novo.
É incrível o orgulho e a satisfação dos proprietários de apartamentos em edifícios retrofitados, não só pela valorização, mas especialmente pela possibilidade de morar no bairro de sua preferência, num imóvel com história, alma e identidade.
O primeiro passo para o retrofit é debater a ideia em assembleia geral, que autorizará o início dos estudos.
Em seguida, o condomínio precisa contratar arquiteto e engenheiro para a elaboração dos projetos, consultas na prefeitura, corpo de bombeiros e demais órgãos.
Depois, o projeto precisa ser aprovado em assembleia (assim como pela prefeitura). Após a execução, dependendo das alterações, é necessário modificar a documentação imobiliária no registro de imóveis, inclusive convenção de condomínio.
Mas a maior dificuldade para fazer o retrofit é a necessidade de aprovação por unanimidade dos condomínios. Basta que um único proprietário não aprove a reforma, para frustrar os planos dos demais vizinhos.
A unanimidade exigida por lei não é dos presentes na assembleia, mas sim da totalidade dos proprietários. Assim, o primeiro e maior desafio é o trabalho de convencimento dos condôminos desanimados.
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