É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
São Paulo se arrisca ao mudar nove jogadores no meio da temporada
Ricardo Nogueira/Folhapress | ||
Rogério Ceni "perdeu" seis jogadores para o exterior e três para clubes brasileiros durante o Campeonato Brasileiro |
Thiago Mendes foi o sexto jogador a deixar o elenco do São Paulo neste ano rumo ao exterior. Antes dele, também foram para o aeroporto o zagueiro Maicon, os atacantes David Neres e Luiz Araújo, o zagueiro Lyanco e o volante João Schmidt.
Há razões diferentes para cada um dos negócios. Thiago Mendes pediu para o São Paulo aceitar a oferta do Lille. João Schmidt não aceitou a renovação contratual e deve jogar pela Atalanta.
Em comum, as transferências tiram do eixo um time que ainda estava construção. Nem se formou o alicerce e é necessário iniciar a reconstrução.
Por razões diferentes, também, a diretoria e Rogério Ceni abriram mão de Breno e Wellington, para o Vasco, e de Neílton, para o Vitória. Neste caso, a vilã não foi a janela internacional.
Mudar nove jogadores no meio da temporada aumenta o risco de não sair das profundezas da tabela. Se perder para o Flamengo e se houver vencedor no clássico entre Bahia e Vitória, o São Paulo entrará na zona de rebaixamento.
Das 562 rodadas dos Brasileiros por pontos corridos, o São Paulo passou 18 na zona do descenso. O Corinthians viveu 38 dentro da Série B e o Palmeiras, 76. Não é alívio para o São Paulo. É agravante. Quem frequenta a briga para não cair conhece melhor os atalhos para sair de lá. Os pequenos, como Vitória e Bahia, têm menos recursos para deslanchar. Está embutido o risco da degola. Não tem crise.
Para o São Paulo, não.
No Morumbi, ninguém cobra menos do que brigar por uma vaga na Libertadores da América.
Desde que o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado de maio a dezembro, as saídas no meio da campanha mudaram a perspectiva de vários clubes.
Em 2003, 60 jogadores começaram o torneio e foram negociados. Em 2007, foram 65. Nos últimos cinco anos, a faixa é de 40 perdas.
Mas há exemplos de campeões sobreviventes à janela. No primeiro turno de 2004, o Santos vendeu Paulo Almeida para o Benfica, Renato para o Sevilla, Alex para o PSV, Claiton para o Nagoya e Diego para o Porto.
Manteve Robinho, refez a equipe e foi campeão.
O São Paulo tri brasileiro, com Muricy, negociou três jogadores para o exterior em 2006, quatro em 2007 e cinco em 2008.
No ano do tri, das 57 transferências durante o Brasileiro para fora do país, o São Paulo contribuiu com cinco: o atacante Adriano para a Inter de Milão, os laterais Fábio Santos, para o Lyon, e Reasco, para a LDU, Alex Silva para o Hamburgo e Aloísio Chulapa para o Al Ain.
A diferença é que havia uma equipe estruturada, com um jeito de jogar que persistia com Muricy.
Não é o caso atual. O São Paulo convive com crise política e muda o elenco durante a sua campanha. Embora algumas transferências sejam inevitáveis, é extremamente arriscado.
O Corinthians de 2007 viveu experiência semelhante. A turbulência nos bastidores e o afastamento do presidente Alberto Dualib aconteceram simultaneamente à perda de seis atletas durante o Brasileiro. Partiram Marcelo Mattos, para o Panathinaikos, o lateral Pedro, para o Sporting, Wellington, para o Mainz, Marcus Vinícius para o Buyuksehiev, da Turquia, e Willian, hoje no Chelsea, para o Shakhtar. O Corinthians caiu.
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