Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.
O impeachment e a paralisia da Petrobras
A insegurança gerada pela abertura do processo de impeachment da presidente Dilma vai respingar em todas as áreas de uma economia já muito deteriorada, incluindo a Petrobras.
No caso da estatal, dificulta a captação de recursos e a venda de ativos, tornando os investidores ainda mais ariscos ao Brasil.
Até agora o plano de venda de parte dos negócios da Petrobras não deslanchou. Dos ativos importantes, só saiu a venda de 49% da Gaspetro para a Mistsui. Todo o resto está meio parado.
Além dos baixos preços do petróleo e da insegurança em relação ao Brasil, os negócios não saem porque a Petrobras resiste em ceder o controle de algumas áreas e a se desfazer de ativos realmente atrativos.
Existe uma dificuldade do governo e da cultura da própria empresa em ceder os anéis para não perder os dedos, esquecendo os tempos dourados dos últimos anos.
A nova diretoria tem se esforçado para tocar a venda de ativos. O diretor financeiro, Ivan Monteiro, acaba de voltar de um tour por México, EUA, Canadá e Inglaterra para conversar com investidores.
Mas a área técnica está praticamente congelada. Com receio de envolvimento com a Operação Lava Jato, nenhum técnico assina nada, desde de um parecer sobre um negócio até contratos com seus próprios assessores.
A empresa está totalmente voltada para o "compliance", que é endurecer as regras para tentar acabar com a roubalheira. Isso é ótimo, mas não pode se deixar paralisar.
Com o dólar nas alturas, a dívida da Petrobras aumenta, a receita cai e seu caixa fica ainda mais apertado. Vender ativos —obviamente tentando fazer o melhor negócio possível— é uma das poucas saídas para aliviar a situação.
Fora isso só resta implorar a um governo em processo de impeachment um reajuste da gasolina, pouco palatável em tempos de petróleo em baixa e inflação em alta. Ou esperar pelo socorro de um Tesouro depauperado pelas farras fiscais.
É pouco provável que Dilma deixe a Petrobras quebrar, mesmo com o Congresso em seus calcanhares. Mas a empresa precisa com urgência aprender a se virar sozinha.
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