Foi secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna "Painel" e do caderno "Cotidiano".
Na torcida
SÃO PAULO - O Brasil terá a partir de hoje a maior janela de exposição de sua história. Nunca tanta gente olhou para cá. A Copa do Mundo deverá atrair cerca de 600 mil turistas estrangeiros e uma audiência de 3,6 bilhões telespectadores –metade da população do planeta.
Em tese, a competição é uma ótima oportunidade para o Brasil se vender no exterior e, com isso, aumentar o afluxo de turistas. O país recebeu no ano passado cerca de 6 milhões de viajantes, um recorde, mas não está nem entre os 40 mais visitados do mundo. A Croácia, por exemplo, recebeu cerca de 9,9 milhões em 2012 (é o 24º destino turístico). A campeã, França, foi visitada por 81,4 milhões.
Na prática, no entanto, do jeito que as coisas vão, o risco de a imagem do Brasil sair chamuscada da Copa é maior do que o da seleção de Felipão perder o torneio. Embora a presidente Dilma reclame de pessimismo, está mais do que evidente que o país não se preparou adequadamente para o evento.
Estádios foram entregues mal-acabados ou em cima da hora –anteontem havia ainda operários no entorno do Itaquerão–, muitas obras prometidas para a mobilidade urbana ficaram no papel e os gastos acabaram superiores aos imaginados inicialmente.
Se tudo isso não bastasse, o país sofreu nas últimas semanas uma onda de greves oportunistas. Policiais, motoristas de ônibus e metroviários resolveram aproveitar a proximidade da competição para tentar emparedar o poder público, paralisando capitais com pedidos de aumento salarial bem acima da inflação.
Dilma tentou amenizar os problemas, em cadeia nacional de TV na terça-feira à noite, dizendo que treino é treino, jogo é jogo. Seguindo a linha do chavão futebolístico, se é verdade que a torcida influencia o resultado das partidas, como se diz, o brasileiro precisa torcer muito para que, fora dos gramados, tudo dê mais ou menos certo, sem grandes vexames.
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