análise
Queda na lista dos 50 melhores restaurantes pouco muda para o Brasil
Pouco muda, qualitativamente, a situação do Brasil no 50 Best deste 2015, divulgado nesta segunda-feira (1º).
A presença do país na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo outrora gerou frisson e colocou a cozinha nacional em evidência -justamente porque o Brasil está fora da rota dos jurados, o contrário da Europa e dos EUA.
Houve anos em que além do D.O.M. e Maní, que seguem entre os top 50, o paulistano Fasano (2011) e o carioca Roberta Sudbrack (2012 e 2013) entravam na lista dos cem restaurantes.
Se considerarmos a trajetória do D.O.M., há dez anos entre os 50 melhores e há cinco entre os top 10, é possível detectar um processo de subida e queda gradativas. Mas a casa de Alex Atala perde pouco ao descer duas posições -do 7º para o 9º lugar- do ano passado para este. Muito embora exista um insistente burburinho depreciativo em torno de sua colocação, qualitativamente, não muda. Idem para o Maní, de Helena Rizzo e Daniel Redondo, que caiu de 36º para 41º.
No topo da lista, seguem os mesmos três restaurantes no revezamento desde 2013: o espanhol El Celler de Can Roca, o italiano Osteria Francescana e o dinamarquês Noma.
Em comum, pode-se identificar a valorização de ingredientes locais e a oferta de uma experiência à mesa que transcende a comida. Um exemplo é o ousado serviço de bebidas da Osteria, que chega a misturar vinho e água na mesma taça.
Há uma oscilação mísera entre os 10 melhores -exceto a queda vertiginosa do Arzak, que há nove anos estava contemplado entre os 10 e neste ano foi para 17º.
Surpreende o salto de 11 posições do peruano Central (Lima), que ficou em 4º. Em 2013, estava em 50º. A casa desbancou os brasileiros e lidera na América do Sul.
A subida pode ser indicativa do espírito do 50 Best, que na eleição da América Latina já havia alçado a casa de Virgilio Martinez e Pia Léon ao topo. Com frescor e pesquisa, eles colocam ingredientes peruanos como protagonistas.
O corpo de jurados reúne cerca de mil experts, entre chefs, gourmets e críticos, que comem ao redor do mundo e fazem livremente suas seleções da premiação, que a revista inglesa "Restaurant" promove desde 2002. Tenta farejar as tendências da gastronomia -e não eleger o melhor restaurante do ponto de vista técnico, com escolhas apoiadas em um questionário rígido. Não há um critério.
A jornalista LUIZA FECAROTTA faz parte do júri do 50 Best América Latina há três anos.
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