Ex-namorada de Bruno volta ao banco dos réus na fala das defesas
A ré Fernanda Castro, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, reocupou o seu assento no banco dos réus na segunda parte dos debates entre acusação e defesa. A sessão do julgamento deve decidir o seu destino e o de Luiz Henrique Romão, o Macarrão (ex-secretário do jogador Bruno). Eles respondem pelo desaparecimento e morte de Eliza.
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Fernanda havia deixado o salão do Tribunal do Júri na metade da fala do promotor Henry Wagner de Castro, que foi bastante duro com ela.
Fernanda acompanha, sentada atrás do réu Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a fala do advogado Leonardo Dinz, defensor do ex-secretário de Bruno. Ele abriu a sua defesa pedindo aos sete jurados --um homem e seis mulheres--, que absolvam o réu "daquilo que não tem prova, daquilo que é frágil".
No seu interrogatório, Macarrão admitiu aos jurados que houve um crime, que alertou Bruno sobre o risco de ir "para a prisão" e que "pressentiu" que Eliza seria levada para morrer. Ele disse ainda que, a pedido do goleiro, levou e entregou Eliza a um homem --que o réu afirma que não viu-- na região da Pampulha, em Belo Horizonte.
Macarrão admitiu apenas essa participação, mas o promotor, na sua fala, sustentou que ele participou da morte de Eliza, inclusive segurando-a e chutando-a durante a ação do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino.
No começo da sua fala, o advogado de defesa falou do sonho frustrado de Macarrão em ser jogador de futebol e disse que ele tinha "sentimento de idolatria" pelo se amigo de infância de Bruno.
O defensor nega que Eliza tenha sido sequestrada e mantida em cárcere privado no sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG). "O promotor disse que ela foi mantida em cárcere privado. Com a casa cheia de gente?", questionou.
MACARRÃO
O defensor de Macarrão, ao tratar da admissão do crime feito pelo seu cliente, disse haver "diferença entre o serviçal e o ídolo do futebol ". Foi a forma que ele usou para dizer que Macarrão levou Eliza para um homem a mando de Bruno, porque era uma espécie de subalterno.
"O Bruno disse a ele: 'Eu sou pica'. Pica é a expressão de quem manda", disse o advogado.
Ele tentou convencer os jurados de que as provas telefônicas são frágeis, porque teriam saído do e-mail de um delegado de polícia, a partir de um contato que teve com a empresa de telefonia Nextel.
"As provas vieram do delegado, não têm nenhum carimbo da Nextel. Qual é a garantia que tem essa prova? E o promotor abraçou essa prova."
Segundo o delegado, o inquérito policial é "atabalhoado e viciado".
Para tentar desqualificar a acusação sobre a presença de Macarrão na cena do crime, o advogado usou a declaração de Jorge Luís Rosa, o então adolescente primo de Bruno, que alegou ser o matador negro.
"Aquele homem alto negro e de bigode passou a ser Marcos Aparecido dos Santos", disse ele, que defendeu Macarrão durante uma hora e quinze minutos.
ACUSAÇÃO
O quinto dia do julgamento teve início com a fala dos promotores. A assistente de acusação Maria Lúcia Gomes declarou que o bebê de Eliza Samudio viu a própria mãe sendo assassinada. "Essa criança presenciou tudo", disse a advogada.
Durante sua argumentação, Gomes defendeu a honra do filho de Eliza --que na época tinha quatro meses-- porque, conforme os autos, ele ficou no colo de um dos réus. "As senhoras como mãe, o senhor como pai, pensem nisso", disse ela aos sete jurados.
O promotor do caso Henry Castro usou duas horas e dez minutos para tentar convencer os jurados que Fernanda participou do crime junto com Macarrão, réu confesso.
Ao final da sua fala, Castro mostrou as ligações telefônicas entre Macarrão e Bola, o suposto matador, pedindo a condenação também por ocultação de cadáver.
"Peço Justiça, condenem Macarrão e Fernanda", disse o promotor, que praticamente não falou sobre como Eliza foi assassinada.
O promotor deve tratar do homicídio mais detalhadamente na réplica de duas horas que ainda terá, após a fala de duas horas e meia da defesa.
O advogado José Arteiro, ao contrário do promotor, lembrou que Macarrão confessou o crime, e que caberá à juíza cuidar dos anos da pena a ser aplicada a Macarrão.
Ele atacou principalmente Bruno e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, chamando-os de "monstros" e destacou os direitos da mãe de Eliza, que não pode enterrar a filha.
ÚLTIMO DIA
Começou por volta das 11h20 no fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, a quinta sessão do julgamento. A expectativa é que o júri decida ainda hoje o destino de Macarrão e de Fernanda.
Macarrão responde pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado de Eliza e de seu bebê. Já Fernanda está sendo julgada por sequestro e cárcere privado.
Hoje, a Promotoria tem duas horas e meia para tentar convencer os sete jurados da responsabilidade dos réus no crime. Em seguida, será a vez das defesas de ambos falarem. Caso a acusação queira continuar o debate, ela poderá pedir réplica, e as defensorias, tréplica. Essa fase pode durar entre cinco e nove horas.
Terminado os debate, a juíza deverá fazer um intervalo para que os jurados se reúnam e decidam se os réus são culpados ou inocentes.
JULGAMENTO
O julgamento começou com cinco réus --o goleiro Bruno, seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, a ex-mulher de Bruno, Dayanne Souza, e a ex-namorada Fernanda Castro--, mas foi reduzido para dois. Todos são acusados da morte e desaparecimento de Eliza Samudio, em junho de 2010.
Outros dois acusados dos crimes, o ex-administrador do sítio de Minas Gerais, Elenilson Vitor da Silva, e o amigo do goleiro, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, também devem ser julgados, mas a data ainda não foi marcada.
Bola foi excluído do júri logo no primeiro dia para apresentar novos advogados após a desistência de seus dois defensores, Ércio Quaresma e Zanone Oliveira.
No segundo dia de julgamento, Bruno dispensou o advogado, Rui Pimenta, de sua defesa.
A tentativa do goleiro de destituir também seu advogado, Francisco Simim, culminou no desmembramento do julgamento da ex-mulher de Bruno, Dayanne.
No terceiro dia de julgamento a defesa do goleiro usaram um dispositivo legal para desmembrar a julgamento de Bruno, transferindo os poderes de defender o réu. Francisco Simin, dessa forma, passou o caso para Lúcio Rodolfo da Silva, que pediu um prazo para ler o processo. O novo julgamento está previsto para ocorrer dia 4 de março de 2013.
Segundo Fernanda, Eliza foi junto, mas em outro carro, com Macarrão, Jorge e o bebê.
Antes de Fernanda Gomes, 25, foram ouvidas oito testemunhas até a madrugada desta quinta-feira. Em depoimento o ex-motorista de Bruno, Cleiton da Silva Gonçalves, confirmou ter ouvido Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, dizer que Eliza "já era" e que seu corpo havia sido jogado para cães.
A delegada Ana Maria Santos, que trabalhou na investigação, revelou no segundo dia do julgamento detalhes do depoimento do primo Bruno, Jorge Luiz Rosa, dado à polícia em 2010. Segundo Rosa, Eliza foi amarrada e chutada antes de ser morta.
A testemunha de acusação, Jaílson Alves de Oliveira, confirmou ter ouvido Bola confessar que teria matado Eliza. Ele também afirmou que foi ameaçado pelo goleiro Bruno.
Na quarta-feira, a mãe de Eliza e um amigo de Macarrão foram ouvidos pelo júri. De tarde, dois vídeos com os depoimentos do caseiro José Roberto Machado, que trabalhou no sítio de Bruno, e de sua mulher, Gilda Maria Alves, foram passados. Eles substituíram as testemunhas dispensadas pela defesa de Fernanda, que foram flagradas falando ao celular no hotel onde estão hospedadas.
Em seu interrogatório, Macarrão incriminou Bruno pelo desaparecimento e morte de Eliza. Ele afirmou que o goleiro havia pedido que ele levasse Eliza até um ponto próximo da Toca da Raposa --centro de treinamento do Cruzeiro na Pampulha, em Belo Horizonte-- onde um homem a estaria esperando. "Eu estava pressentindo que ela iria morrer."
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