Experiência internacional em mobilidade deve ser seguida, analisa Raul Juste Lores
"Não aprender com a lição dos de fora pode ter um preço muito, muito alto". Essa é a opinião do jornalista, correspondente da Folha em Washington, Raul Juste Lores. Ele, que também trabalhou em Pequim e Nova York, participou do Fórum de Mobilidade Urbana promovido pelo jornal nesta quinta-feira (10).
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Raul trouxe exemplos de como a mobilidade urbana em grandes metrópoles tem sido abordada. "Pequim fez o que São Paulo acha o certo: dar escolha de transporte - quem prefere carro, vai de carro; quem quer metrô, usa o metrô", explicou.
Essa liberação no trânsito, no entanto, também a transformou em uma das cidades mais poluídas do mundo, lembra.
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Lá eles viveram o investimento que os paulistas gostariam de ver - 430 km de metrô construídos quase todos em 20 anos.
Já Xangai, a mais desenvolvida da China, fez o contrário: "Adotou o leilão de placas de carro como licença para dirigir; não basta ter o dinheiro para comprar o carro, mas adquirir o direito de dirigi-lo", explicou.
E a renda de 1 bilhão de dólares arrecadada vai toda para o transporte público. O jornalista contou que, hoje, a cidade conta com 479 km de linhas de metrô.
No caso de Nova York, Raul destacou a posição de ativistas que impediram grandes projetos de seguir adiante, como a ampliação da 5ª Avenida e a ligação de Manhattan de leste a oeste.
Para Raul, eles ainda contribuíram para que o espaço público fosse privilegiado em detrimento das vias - as calçadas dobraram de tamanho e os pedestres foram valorizados.
CAPITAL
Exatamente o contrário do que ocorre em São Paulo. "Há décadas, a cidade dá prioridade ao carro e deixa o transporte público de lado", disse.
Além disso, "infelizmente ainda construímos shoppings novos na Avenida Paulista e minicidades em condomínios em que as pessoas vão precisar sair de carro. Se andar cinco quadras em São Paulo é um martírio, o carro será considerado. Perdemos a oportunidade de ensinar o motorista a querer ser pedestre", finalizou.
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