Detentos com problemas mentais dormem em ginásio em Pedrinhas, no MA
Beira a loucura, mas Dinaleia de Jesus Mendes, 41, está em busca de uma cela -um xadrez, como prefere dizer- para seu filho.
Sob a tutela do Estado, Eugênio de Jesus Souza, 25, nem sequer tem direito a um lugar atrás das grades.
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Marlene Bergamo/Folhapress | ||
Dinaleia de Jesus Castro Mendes, 41, mãe de detento com transtorno mental em São Luís (MA) |
Segundo a família, ele e outros 13 presos, todos com diagnóstico de doença mental, dormem na quadra do presídio São Luís 1, um dos que compõem o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o maior do Maranhão.
Sem a proteção de uma cela, Eugênio está submetido ao vento e ao frio -e Dinaleia desabafa: "Está chegando o inverno, fico preocupada de ele pegar uma pneumonia".
O presídio São Luís 1 foi projetado para 102 homens, mas está atualmente com 250.
Outra razão para o abrigo improvisado, segundo a mãe, é evitar que pacientes psiquiátricos se misturem aos detentos do Bonde dos 40, facção da capital rival da PCM (Primeiro Comando do Maranhão), do interior do Estado.
A mãe resume a rotina diária de Eugênio: "dorme na quadra, almoça, janta, merenda, tudo na quadra".
Eugênio está há dois meses no presídio. Antes, passou internado a metade do ano no hospital psiquiátrico Nina Rodrigues, em São Luís. A mãe diz não entender por que o filho recebeu alta.
Ele pede a Dinaleia que lhe consiga uma cela, "de preferência na ala dos crentes [evangélicos]". Assim, Eugênio poderá receber visitas da mulher e dos dois filhos.
SEM INTERNAÇÃO
A mistura de doentes mentais com outros detentos não se limita às queixas de parentes. Relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) já denunciava a falha em 2011.
O documento apontava ausência de local adequado para presos com transtornos mentais. Mais: juízes afirmaram que havia hospitais psiquiátricos que se recusavam a receber pacientes porque o Estado possuía "dívida vultosa" com essas instituições.
Além de espaço, faltam também remédios para controlar surtos em pacientes, segundo a Defensoria Pública do Estado do Maranhão.
Os presídios, conforme a denúncia, passaram três meses em 2013 sem ofertar psicotrópicos a quem tinha prescrição médica. E o efeito foi imediato: sem medicação, um detento fora de controle quebrou uma grade.
Procurado, o governo do Maranhão informou que os detentos estão num salão que foi adaptado, "com a devida estrutura", e também têm direito ao banho de sol.
Segundo o governo, todos serão transferidos assim que forem concluídas as reformas em uma ala do Hospital Estadual Nina Rodrigues.
A Secretaria de Estado da Saúde diz que não tem dívida com clínicas psiquiátricas.
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