De 'esterilização' a apps, conheça as novas armas contra o Aedes aegypti
Bactérias que exterminam larvas e "esterilizam" mosquitos, espécies geneticamente modificadas, tinta repelente e aplicativos que mapeiam áreas críticas.
Ao menos seis novas estratégias estão sendo pesquisadas no combate ao Aedes aegypti, mosquito que vem causando epidemias de dengue, zika e chikungunya.
Uma delas é a bactéria que mata as larvas, mas é inofensiva para outras espécies, inclusive a humana.
De acordo com o virologista Paolo Zanotto, da USP, o micro-organismo BTI (Bacillus thuringiensis israelensis) produz cristais proteicos e tóxicos. Ao ingeri-los, as larvas acabam morrendo.
Um projeto-piloto será feito em São Carlos (SP), e a meta é estender a iniciativa a outras regiões, com a ajuda de aeronaves que "pulverizam" a bactéria nos criadouros.
Outra pesquisa prevê a inoculação da bactéria Wolbachia no mosquito, a fim de incapacitá-lo a transmitir doenças. Realizado pela Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde, e pela universidade Monash (Austrália), o estudo integra um projeto global de combate à dengue.
Segundo Scott O'Neil, coordenador mundial do projeto, a estratégia funciona também para outras doenças relacionadas ao mosquito.
Os testes estão sendo feitos em Tubiacanga (RJ). De acordo com os pesquisadores, mais da metade da população de mosquitos já tem Wolbachia. Os estudos que demonstrarão o impacto da bactéria nos casos de dengue devem demorar até cinco anos para serem concluídos.
NO RADAR
Outro projeto da USP de São Carlos, com apoio do Google, é a criação de um sensor que detecta a presença do inseto no ambiente por meio do som emitido por ele. A vantagem é saber em tempo real quais são os locais com maior densidade do mosquito, agilizando o combate.
Já na Bahia, o governo desenvolve um aplicativo para mapear criadouros do Aedes e casos de doenças transmitidas por ele no Estado.
"Será um 'Waze do mosquito'. A gente espera envolver os moradores e acelerar a comunicação dos focos", afirma Roberto Badaró, subsecretário da Saúde.
Na área da nanotecnologia, outra promessa é uma tinta repelente de mosquitos que promete proteger residências e prédios públicos por até quatro anos.
"A tinta aprisiona o inseticida", explica Badaró. O produto, fabricado por uma empresa portuguesa, será testado em 2016 em alguns bairros de Salvador.
Para Paolo Zanotto, da USP, "vale tudo" na guerra contra o Aedes. "Precisamos jogar todas as cartas na mesa e fazer uso racional de todos os recursos", afirma.
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