Despedida do Carnaval relembra de assédio a causa gay e atrai multidão
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Daniela Mercury comanda bloco Pipoca da Rainha, na av. Paulista, centro de São Paulo |
O pós-Carnaval de rua de São Paulo arrastou uma multidão neste domingo (5) à avenida Paulista e à rua da Consolação, com um show politizado de Daniela Mercury.
No comando do bloco Pipoca da Rainha, principal atração do final de semana na despedida da folia na capital paulista, a cantora abordou temas como assédio contra mulheres, racismo e causa LGBT, sem deixar baixar o clima carnavalesco da festa.
O repertório foi eclético: hits do axé, marchinhas, Belchior, Legião Urbana, Raul Seixas. "Eu não vou largar o Carnaval de São Paulo", disse Daniela, antes do show que reuniu milhares de foliões.
Os organizadores anunciaram uma estimativa de público de 500 mil pessoas. A PM não divulgou números.
A cantora rememorou causas tanto com músicas como comentários e bandeiras exibidas em seu trio elétrico.
Daniela perguntou ao público quem era gay ou lésbica –e levantou a mão. Também citou a luta contra o assédio às mulheres pedindo para que usassem apitos (foram distribuídos 18 mil) "para mostrar respeito".
Ao tratar de racismo, a cantora disse que, mesmo sendo uma cidade negra, Salvador excluiu negros de seus clubes.
As sacadas dos apartamentos da rua da Consolação viraram camarotes informais do show. A multidão reunida para o bloco desde as 16h só começou a dispersar no início da noite, em meio à chuva forte na região central.
Perto do fim do bloco, um público muito molhado gritou "Fora Temer", enquanto Daniela manteve silêncio ao microfone. Pouco depois ela cantou "Brasil", de Cazuza, disse que o capitalismo endurece as pessoas e exaltou a importância das artes.
Daniela cantou por mais de seis horas e encerrou o bloco agradecendo a cidade e brincando que no próximo ano precisará de uma rua maior para cantar. Apesar da chuva, um bom público seguiu a cantora até o fim, perto da praça Roosevelt.
O final de semana teve ainda outros 78 blocos na despedida do Carnaval. A prefeitura estima que a festa, desde 17 de fevereiro, tenha levado 3 milhões de foliões às ruas.
Neste domingo, a avenida Brigadeiro Faria Lima também foi palco de dois blocos que agitaram a tarde dos foliões. O Vou de Táxi abriu a festa com "Eva", sucesso dos anos 1990 da Banda Eva, e distribuiu bexigas amarelas e viseiras com a palavra táxi.
O bloco Se Te Pego Não Te Largo tocou axé, tendo como um dos vocalistas Reinaldinho, ex-Terra Samba.
Em 2017, a cidade teve 28% mais blocos que no ano passado. Segundo pesquisa da SPTuris (ligada à prefeitura), a participação de turistas em relação ao total do público mais do que triplicou.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha