Mototáxi ilegal atua na zona sul de SP e usa Uber para fixar preço e desconto
Sem autorização da prefeitura, mototáxis ilegais tomaram as ruas de bairros da zona sul de São Paulo, como Grajaú e Interlagos, e têm atraído passageiros devido ao preço e agilidade –apesar dos riscos.
Uma lei federal de 2009 instituiu regras para os mototáxis, mas as prefeituras precisam regulamentá-lo, algo que não ocorreu na capital.
Esse serviço com motocicletas na zona sul começou a funcionar há cerca de quatro meses, nas portas dos terminais Grajaú e Interlagos, da estação Primavera-Parelheiros da CPTM e também por meio de WhatsApp.
Um coordenador administrativo desempregado se juntou a um amigo e passou a fazer a divulgação do transporte. Agora, são 18 motociclistas, a maioria ex-motoboys, no serviço, trabalhando das 5h30 à meia-noite.
O preço é negociado na hora e calculado com base no aplicativo da Uber. Os mototaxistas dão, em média, 10% de desconto sobre a tarifa do "concorrente", mas podem baixá-la para quem negocia.
O coordenador administrativo do serviço compara a repressão esperada da fiscalização municipal ao início das operações da Uber –e já pretende lançar um aplicativo próprio na semana que vem.
"Quem perde os ônibus aqui chama a gente e chega no horário no serviço. Outro dia levei um médico que estava atrasado", afirmou.
Em média, cada um dos 18 mototaxistas já em operação tem conseguido em torno de R$ 120 líquidos por dia.
Ronny Santos/Folhapress | ||
Motociclistas oferecem serviço de mototáxi ilegal em bairros da zona sul de São Paulo |
GARUPA
Sem se identificar, a reportagem fez nesta terça (5) duas viagens na garupa de um mototáxi da zona sul. Em ambas, foi oferecido um capacete que é compartilhado –sem touca– com outros passageiros.
A primeira foi uma corrida do terminal Grajaú até a estação Primavera-Interlagos, dentro do bairro, por R$ 7.
A outra foi uma viagem de 38 minutos em uma Yamaha 250 cilindradas do Grajaú até a Santa Cecília, no centro. De carro, levaria mais de uma hora. Foram cobrados R$ 50, mas, após negociação, a corrida ficou por R$ 35. Custaria R$ 58 pelo aplicativo da Uber.
Os joelhos do repórter por pouco não estouraram dezenas de retrovisores, principalmente entre as faixas estreitas da avenida 23 de Maio. Perto do destino, a moto passou de 85 km/h na ligação Leste-Oeste, que tem limite de velocidade de 60 km/h.
FISCALIZAÇÃO
O Departamento de Transportes Públicos, sob a gestão de João Doria (PSDB), ressalta que a legislação proíbe os serviços de mototáxi em São Paulo. "Sendo assim, este tipo de transporte não é regulamentado e está sujeito à fiscalização por parte do DTP, que atua sobre todos os serviços de transporte individual de passageiros na cidade."
O departamento afirma que não há nenhum projeto de lei sobre a utilização de motocicletas como táxi de autoria do Poder Executivo. Diz que os usuários podem fazer denúncia pelo telefone 156, informando placa do veículo, data, hora e local da infração.
A PM afirma que a responsabilidade pela fiscalização é da prefeitura. Segundo Mauricio Januzzi, presidente da Comissão de Direito Viário da OAB-SP, os mototaxistas podem ter a moto e a habilitação apreendidas.
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