Após 1º ano, Kalil mantém aprovação alta em BH apesar de gestão polêmica

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CAROLINA LINHARES
DE BELO HORIZONTE

"Foi Deus quem me colocou aqui", diz o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), ao receber a Folha após um ano de mandato. "Sabe quem é Deus? É o povo. Se ele falar você não presta, sai, eu volto para casa."

Em entrevistas ou em redes sociais, tem agradado o jeito despachado e tiradas, como "está foda cumprir promessas ou "faltar fita pra quem tem diabetes é o c amanhã de manhã esse assunto estará no gabinete do prefeito".

O ex-presidente do Atlético Mineiro e neófito na política tem altos índices de aprovação e chegou a figurar em primeiro nas intenções de voto para o governo de Minas, apesar de negar que vá concorrer.

Após se eleger sob o slogan "chega de político", Kalil, que é empresário, fez as pazes com a política. Estabeleceu, no entanto, uma forma de governar: sem troca de cargos.

Sua equipe inclui nomes da esquerda, como Juca Ferreira (Cultura), que foi ministro no governo Dilma Rousseff (PT), e Fuad Nomam (Fazenda) e André Reis (Planejamento), que atuaram nos governos tucanos de Aécio Neves e Antonio Anastasia. "É muito positivo ter um prefeito, o único no Brasil, que não negocia cargos", diz o vereador Gabriel Azevedo (PHS). "Mas há barganha de vantagens, como realização de eventos, podas de árvore, asfalto em ruas".

PT e PSOL formam a oposição. Kalil cuida da articulação política pessoalmente. Porém, depois de aprovar a reforma administrativa por 38 votos a 0 em junho, ele viu a base encolher ante a proposta que reduz benefícios de servidores, aprovada por 24 a 15.

Para a vereadora Áurea Carolina (PSOL), a prioridade a aliados na entrega de serviços "segue uma lógica patrimonialista, como se a prefeitura não tivesse por dever legal trabalhar para toda a cidade". "Eu aceito a oposição, eu não aceito a traição. Tratar a oposição de um jeito e a situação de outro existe desde que foi inventada a República. Não aceito que seja colocado como retaliação", diz Kalil.

GÊNERO

Outra polêmica foi a retirada da palavra "gênero" de um decreto sobre as atribuições da Secretaria de Educação, após pressão de vereadores religiosos. "Estou preocupado com a área pedagógica, saber ler e escrever. Acho que isso aí a gente olha em casa", diz. "Não posso estabelecer uma lei que eu não sei se a maioria dos pais concordam."

A bancada cristã também regula sua espontaneidade. "Não gosto de falar muito palavrão não, até porque minha bancada evangélica é muito grande e tenho medo."

As críticas, porém, também vêm da ala progressista. "Destempero e decisões intempestivas não condizem com o que se espera de um governante democrático, com seriedade e decência para se posicionar publicamente.

Ele não pode governar como um cartola, xingando e falando palavrão", diz Áurea.

A prefeitura encerra 2017 com o enxugamento da máquina, contas em ordem, 250 novos ônibus e 17 mil novas vagas na educação infantil, mas tem desafios como acolher a população de rua. Sobre o primeiro ano, ele diz que "é como arrancar um carro, ano que vem será mais fácil".

Kalil também tem que enfrentar na Justiça Eleitoral um processo de cassação. Suas contas de campanha foram reprovadas pois R$ 2,2 milhões declarados como doação própria não tiveram origem identificada. Ele diz se tratar da venda de um apartamento.

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