DE SÃO PAULO
DO "AGORA"

Duas pessoas morreram por febre amarela na região da Grande São Paulo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Após as mortes, a pasta anunciou a ampliação da vacinação contra a doença para todo o Estado.

Os dois mortos seriam visitantes que foram passar as festas de fim de ano em Mairiporã, na região metropolitana. São três os casos da doença neste ano em SP –há ainda uma mulher de 27 anos em estado grave no Hospital das Clínicas, na capital.

O secretário estadual da Saúde, David Uip, afirmou em entrevista ao "SP 2" que as vítimas não eram vacinadas. Uip confirmou que, para que a imunização seja estendida a todo o Estado, a vacina será fracionada –no Brasil, ela é aplicada em dose única, seguindo recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O fracionamento permite uma oferta maior. A estratégia será a de aplicar a dose única nas áreas de risco, e as fracionadas, que imunizam por até nove anos, nas demais regiões do Estado. "Foi decidido em reunião com o Ministério da Saúde. A partir de agora estamos treinando o pessoal e adequando a logística para vacinar o Estado todo", disse Uip. O secretário voltou a dizer que "não há motivo para pânico"."Temos a situação sob absoluto controle", afirmou.

Segundo dados da secretaria, de 2017 até o momento, houve 27 casos de febre amarela silvestre (transmitida por mosquitos que vivem em matas e na beira de rios) confirmados no Estado, sendo que em 12 os pacientes morreram.

A imunização não é indicada para gestantes, mulheres que estão amamentando crianças e nem para pacientes que fazem quimioterapia, radioterapia e tomam corticoides em doses elevadas, como os que têm lúpus, por exemplo.

ÁREAS DE RISCO

Desde outubro, 26 parques municipais e estaduais foram fechados nas zonas norte, sul e oeste da capital e na Grande São Paulo. Eles estão em regiões que fazem divisa com municípios onde macacos morreram da doença.

Boulos, no entanto, afirma que os espaços não deverão ficar fechados por muito mais tempo. "O que precisa é vacinação e conscientização. Quando temos esses dois fatores sou favorável à abertura, claro que com orientações. Mas não pode ficar fechado para sempre."

Os primatas não humanos não transmitem o vírus diretamente para pessoas –a transmissão ocorre se símios infectados forem picados por um mosquito, e o mesmo mosquito picar um humano. A chamada febre amarela urbana, que ocorre quando um mosquito Aedes aegypti pica um humano infectado e depois outro humano, não ocorre no país desde 1942 (entenda abaixo).

Entre julho de 2016 e dezembro de 2017, foram registradas 2.588 ocorrências (morte ou adoecimento) da febre amarela em macacos, bugios e outros primatas não humanos em São Paulo, sendo que 595 desses animais tiveram a doença confirmada por análise do Instituto Adolfo Lutz –63% deles na região de Campinas.

Além de Mairiporã, as cidades de infecção das 12 pessoas mortas no Estado pela doença desde 2017 foram Américo Brasiliense, Amparo, Batatais, Monte Alegre do Sul, Santa Lúcia, São João da Boa Vista e Itatiba. Casos que não resultaram em mortes ocorreram em Águas da Prata, Campinas, Santa Cruz do Rio Pardo, Tuiuti, Mococa e Jundiaí.

O surto de febre amarela que atingiu o Brasil em 2017 foi o maior com número de casos em humanos desde 1980. De dezembro de 2016 a junho do ano passado, foram confirmados 777 casos e 261 mortes pela doença no país. Em setembro, o governo federal deu o surto como encerrado. O último caso havia sido registrado em junho, no Espírito Santo.

Ciclos de transmissão

Crédito: Ciclos

Sintomas

Sintomas da febre


Prevenção

Vacinação
- Crianças: a partir dos 9 meses (6 meses em áreas de risco)
- Adultos não vacinados: uma dose

Para evitar picadas
- Usar repelente (evitar os que também têm protetor solar)
- Aplicar o protetor antes do repelente
- Não usar repelentes em crianças com menos de 2 meses
- Evitar perfume em áreas de mata
- Vestir roupas compridas e claras (ou com permetrina)
- Usar mosqueteiros e telas

Controle do mosquito
- Evitar água parada e tomar os mesmos cuidados da dengue, porque há risco de a doença ser contraída pelo Aedes aegypti (o que não acontece no Brasil desde 1942)

Distância de áreas de risco
- Evitar áreas de mata com registros da doença; caso vá viajar a esses locais, tome a vacina ao menos dez dias antes


Tratamento

- É apenas sintomático, com antitérmicos e analgésicos (anti-inflamatórios e salicilatos como AAS não devem ser usados)
- Hospitalização quando necessário, com reposição de líquidos e perdas sanguíneas
- Uso de tela, por exemplo, para evitar o contato do doente com mosquitos

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