CEI encerra investigação sobre suspeitas de corrupção em Araraquara (SP)
A maioria dos vereadores da CEI (Comissão Especial de Inquérito) que investiga suspeita de corrupção em secretarias da Prefeitura de Araraquara decidiu nesta quarta-feira (18) encerrar os trabalhos e apresentar o relatório final em 20 dias.
Criada em setembro, a comissão ficou conhecida como CEI do Napeloso, após investigação da PF (Polícia Federal) que resultou na prisão do ex-vereador Ronaldo Napeloso (ex-DEM), em 6 de agosto deste ano.
O argumento dos vereadores para encerrar as investigações foi que o ano legislativo já terminou. A última sessão ordinária ocorreu no dia 10 de dezembro.
O presidente da comissão, Donizete Simioni (PT), voto vencido entre os cinco membros da comissão, afirmou que mesmo contra a decisão da maioria vai protocolar nesta quarta-feira um pedido para que o presidente da Câmara, João Farias (PRB) convoque uma sessão extraordinária e ponha em votação a prorrogação da CEI por mais 60 dias.
Para a vereadora Edna Martins (PV), integrante da CEI, a comissão deveria ter tido o pedido de prorrogação votado até o dia 10. Como isso não ocorreu, seria impossível, segundo Edna, prorrogar a investigação.
A decisão de encerrar a CEI foi tomada seis dias depois de uma ex-assessora da Secretaria de Desenvolvimento Urbano afirmar, em depoimento à comissão, que o presidente da Câmara e outros vereadores pressionavam a secretaria pela aprovação de projetos irregulares.
A acusação levou Farias a convocar uma entrevista coletiva de imprensa, na qual afirmou que, dois meses antes da operação da PF, ele apresentou ao prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) um empresário que se queixava de ter recebido pedidos de pagamento de propina para a aprovação de projetos na secretaria.
Farias negou a atuação apontada pela ex-servidora. Barbieri, em nota divulgada por sua assessoria, confirmou o encontro, mas não esclareceu se foi informado sobre a cobrança de propina.
SEM APURAÇÃO
A investigação, segundo a PF, envolve um esquema de fraude em programas federais na Secretaria Municipal da Agricultura e o pagamento de propinas na doação de áreas públicas para empresas e na aprovação de projetos pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano.
A CEI conseguiu finalizar a apuração apenas sobre as doações de terrenos, e não aprofundou as outras duas suspeitas. Após analisar 88 áreas, a comissão encontrou 31 terrenos em situação irregular, sem uso ou com desvio de finalidade em relação à destinação para a qual foram doadas.
Napeloso, que foi solto ainda em agosto por habeas corpus do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), têm negado a prática de irregularidades por meio de seus advogados.
O presidente da Câmara estava viajando nesta quarta-feira, segundo sua assessoria, e não foi encontrado para comentar o assunto.
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