Presidente da Fifa testa seu prestígio no sorteio do Mundial da Rússia

Crédito: Sergei Karpukhin/Reuters O presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante evento em Moscou
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante evento em Moscou

ALEX SABINO
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A MOSCOU

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, aproveitou o sorteio da Copa do Mundo para exibir o seu prestígio. O cartola abriu o evento ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e viu no auditório uma constelação de craques.

A presença deles é um gesto de apoio ao cartola no seu primeiro grande evento após assumir o cargo com a missão de atenuar a imagem de corrupção da entidade.

Infantino conseguiu reunir até Maradona e Pelé, dois ícones do esporte mundial. De cadeira de rodas, o brasileiro enfrentou a neve para participar da festa promovida pelo dirigente, que assumiu em fevereiro do ano passado.

Em maio de 2015, uma operação do FBI prendeu vários cartolas e afundou a entidade na maior crise da história.

José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso desde então. Ricardo Teixeira, que comandou a entidade por mais de duas décadas, e Marco Polo Del Nero, atual comandante da entidade, nunca mais deixaram o Brasil.

Os três são acusados de receber propina na venda de direitos de televisão de torneios no país e no exterior.

Na plateia em Moscou, os brasileiros Ronaldo e Ronaldinho bateram palma para Infantino. Cafu foi uma das "lendas", escolhidas pela Fifa, para participar do sorteio.

"A Copa da Rússia será a melhor da história. A nossa missão é organizar o melhor Mundial. O futebol é magia e paixão. Todos serão bem-vindos à Rússia", disse o cartola, que era secretário-geral da Uefa (entidade que controla o futebol na Europa).

Apesar da tarefa de modernizar a Fifa, Infantino é visto com desconfiança pelas autoridades do FBI. Ele era o braço direito de Michel Platini, ex-vice da Fifa e ex-presidente da Uefa, também afastado por corrupção.

O sorteio dos grupos foi realizado no Palácio do Kremlin, ao lado da Praça Vermelha, no centro da capital.

Para entrar no auditório, os cerca de 6.000 convidados passaram por murais com imagens da foice e o martelo, o símbolo do comunismo.

O palácio foi construído na década de 1960 para ser sede dos congressos do Partido Comunista da União Soviética.

CREDIBILIDADE

Apesar da demonstração de força dada em Moscou, Infantino tem dificuldade para resgatar o crédito da Fifa. Ele enfrenta uma fuga de patrocinadores, mesmo com o futebol em alta no mundo, e gastos milionários com a defesa do órgão.

Na entrevista concedida pelo cartola antes do evento, o suíço não escondeu a decepção com "o passado". Marin e outros dirigentes estão sendo julgados nos EUA pelos crimes cometidos na Fifa.

"Temos que fazer uma distinção entre o passado e o futuro. No passado, houve um ecossistema especial ao redor da gestão", disse o cartola.

"Essas coisas não podem mais acontecer [o que está sendo julgado em Nova York]. Mas elas ocorreram e temos de lidar com o passado. A corrupção não tem lugar no futebol", disse Infantino, ao ser questionado sobre a ausência de Del Nero em Moscou.

Apesar do discurso moralizador, o suíço disse esperar a decisão da Justiça dos EUA para definir o futuro de Del Nero. "Teremos processos na Fifa e não vamos hesitar em tomar medidas", afirmou.

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress Chamada - Copa - Raio-x do Mundial
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