Crítica - Restaurante
Aura descontraída e menu com bons achados marcam nova fase do Figo, em bairro residencial
O ambiente descontraído, começando pela ampla varanda frontal, é o primeiro atrativo para o público da nova fase do restaurante Figo.
Num bairro residencial, sem muitos executivos, essa aura ajuda a deixar à vontade o pessoal da região. Inaugurada há quatro anos pela chef Luiza Hoffmann, desde 2013 a casa pertence à administradora Maria Fernanda La Regina, 42, que abandonou a carreira empresarial para se aventurar em um novo ramo.
O restaurante passou por uma reforma --a cozinha também sofreu mudanças, mas manteve o estilo eclético, procurando leveza e modernidade. No final do ano, assumiu a chef paulista Stella Roux, 27, que já trabalhava na casa.
A jovem chef iniciou a carreira no litoral paulista com o chef Eudes Assis; depois foi por um ano e meio estagiária no estrelado À La Côte Saint Jacques, na França, conhecido por seu apuro técnico.
O cardápio não tem uma linha muito definida, é difícil notar um conjunto, como se fosse uma reunião um pouco aleatória de pratos apreciados pela proprietária ou pela chef. Mas tem vários bons achados.
As ostras frescas têm um toque sutil do vinagrete da casa; já nos tentáculos de polvo é tão sutil o vinagrete de caju que mal se percebe (mas não sei se faz falta).
Um prato que vale pedir como entrada (meia porção), pois é mais leve do que parece e instiga o paladar, é o nhoque de beterraba com creme de parmesão e aspargos.
O robalo na manteiga de sálvia é feito com precisão e o risoto de banana-da-terra, que poderia ser enjoativo, é equilibrado: devem ser lembranças da cozinha caiçara.
Já a moqueca baiana de pupunha com camarão sofre pelos acompanhamentos --a farofa necessitaria de mais caldo; e "o arroz de 12 grãos", que pode funcionar como centro de um prato, aqui atrapalha (arroz branco ou de leite de coco iriam melhor).
O bacalhau com legumes confitados, além de saboroso, acerta no ponto do peixe e na textura dos vegetais (tomate, pimentão, batata e cebola). Entre os cozidos, é destaque a fraldinha na cerveja com legumes e purê de batata.
Sobremesa leve e saborosa: terrine de maçã com sorvete de creme e tuille de amêndoas. A conta sai um pouco alta porque as entradas são caras; os pratos, nem tanto.