Crítica - Restaurante
Goya aposta em minipratos feitos com esmero
Diego Belda combina serviço ao estilo espanhol e receitas de inspiração brasileira, como o porco com caipirinha
À primeira vista, nada no novo Goya sugere qualquer ligação com a Espanha --a não ser o nome, que homenageia o pintor do país. Mas o tipo de serviço, de pequenas porções (minipratos trabalhados) é o que mais se parece com os bares de tapas (pintxos) de San Sebastián.
Fisicamente é bem diferente: os bares de San Sebastián ficam escancarados para a calçada, e têm balcões apinhados de gente, que come habitualmente de pé.
Não é o caso do Goya (que substitui, com mesmo dono, o antigo Rothko): ele fica mais retirado --tem mesinhas na calçada e, no salão, tem mais o ar brasileiro, com mesas e cadeiras.
O Goya lembra esse jeito de comer --só que com inspiração brasileira. Mesmo tendo também queijos e salumerias artesanais, a essência do cardápio são as pequenas e variadas porções (às vezes trabalhosas, mas preparadas com esmero), que convidam a experimentar várias coisas.
A cozinha segue na mão do chef-proprietário Diego Belda, 40, formado em artes plásticas, mas envolvido com a cozinha há muito tempo, incluindo cursos de culinária na França e no país Basco.
Desde 2003 foi sócio de bares em São Paulo (Casa Belfiore, CB Bar) até abrir em 2011 o Rothko. Mas, depois de duas viagens a San Sebastián, decidiu mudar a fórmula da casa, que reabriu com os "bocados", como ele chama os pequenos pratos.
Neles segue a inspiração brasileira: porco bebinho (temperado com caipirinha); costelinha de porco com molho de goiaba (fica comedido e bom!) e farofa; cupim (onde comer isso no mundo?) com salada de tomate e jiló; língua defumada com salsa verde; cremosa alheira com farofa e ovo frito.
Em meio a muito porco há opções que não desmerecem os vegetarianos (abóbora assada com creme azedo de alho e caramelo de alho negro; batata-doce assada com salsa verde; banana-da-terra com farofa); e quase nada do mar, à exceção do macio polvo com batata-doce e chorizo.
Mais para comer com as mãos, uma linda coxinha de confit de pato; e um sanduíche de porco e lula. Quanto às bebidas, o bar é esperto também, com coquetelaria clássica e experimental.