De dentro para fora
Além de receber cervejarias do exterior, marcas nacionais vão à Europa desenvolver receitas em fábricas estrangeiras; saiba o que beber em SP
Mais do que desenvolver receitas em conjunto aqui no Brasil, cervejarias nacionais têm aproveitado a vinda de marcas estrangeiras para apostar também na produção bem longe daqui.
Essa fabricação de cerveja, conhecida como "cigana", virou tendência entre artesanais há alguns anos --são empresas que não têm fábrica própria e alugam instalações de outras marcas para produzir seus rótulos, como faz a dinamarquesa Mikkeller.
Entre as vantagens desse negócio estão o custo mais baixo da produção e o know-how aprendido no exterior.
Entre as brasileiras, a paraense Amazon Beer já se lançou ao mar para fazer cerveja na Inglaterra. Pelo menos outras três devem aportar na Europa ainda em 2015 para operar de forma cigana --Colorado, Bodebrown e Invicta.
Desde março do ano passado, a Amazon licenciou a marca e a fórmula de dois de seus rótulos (Forest Pilsen e Forest Bacuri) para uma cervejaria inglesa.
Os ingredientes amazônicos (como o fruto bacuri) são enviados daqui, mas a produção e o envase são feitos na região metropolitana de Londres; as cervejas vão para todo o Reino Unido.
"Estávamos buscando canais de exportação, mas apareceu essa oportunidade. Como é muito mais barato produzir lá do que exportar daqui, ganhamos competitividade", diz Caio Guimarães, sócio da cervejaria.
Marcelo Carneiro, dono da Colorado, que tem planos de ir para a Espanha, explica: "Custos de produção, burocracia e questão tributária são bem menos complexos fora do Brasil. São fatores que se tornam ainda mais importantes no cenário de indefinições de 2015".
Mesmo que a cerveja feita lá fora não chegue ao mercado nacional, ainda assim o cliente brasileiro pode lucrar com a expertise adquirida.
Em outra metáfora gastronômica, é o chef que sai daqui para fazer estágio no restaurante Noma, o melhor do mundo segundo a revista "Restaurant", e volta com novas ideias para o seu menu.
"Quem fizer cerveja boa vai ter espaço, no país que for. A verdade está dentro da garrafa", diz Tiago Carneiro, da mineira Wäls.