Névio Capeler (1934-2015)
Pediu ao papa dispensa do cargo de padre
Depois de três anos como padre da diocese de Tubarão (SC), Névio Capeler acreditava que a Igreja Católica deveria se aproximar mais dos pobres. Era 1966, época da renovação carismática da igreja.
Como secretário do bispo da cidade, Névio visitava paróquias da região. "As demandas do Vaticano não fechavam com o que ele pensava", conta sua mulher, Nara, que diz que a abertura vista hoje com o papa Francisco já era pensada por Névio nos anos 1960. Foi quando ele resolveu pedir dispensa do cargo, numa época em que "pedir para deixar de ser padre era quase como ser excomungado", diz Nara.
O pai de Névio, carpinteiro, e a mãe, dona de casa, relutaram no início, mas entenderam a decisão. Já o irmão mais velho, também padre, demorou a aceitar. O pai sempre foi rígido na educação dos filhos. Névio, que nasceu em Nova Veneza (SC), fora enviado aos 10 anos para o seminário.
Como o motivo do pedido era "filosófico", diz Nara, e não algo como ter se casado, a resposta do papa Paulo 6° demorou quase três anos. Ainda hoje, o processo de dispensa vai até o Vaticano.
Liberado em 1969, Névio foi trabalhar na Secretaria da Educação de SC. Em uma palestra a diretores da rede estadual, conheceu Nara, na época diretora. Casaram-se em 1972. Teólogo, formou-se ainda em filosofia e pedagogia. Apesar de não ser mais padre, continuou na rádio da diocese, onde manteve um comentário sobre atualidades até o fim da vida.
Morreu no último dia 16, aos 81 anos, vítima de um infarto do miocárdio. Deixa três irmãos, mulher e filha.