Semana de moda aproxima Brasil de hemisfério norte
A temporada de verão 2016 da São Paulo Fashion Week, que terminou na última sexta (17), mostrou uma clara aproximação entre a moda do hemisfério norte e a nacional. Não no sentido de copiar a produção de moda dos colegas americanos e europeus, mas de guiar-se por uma percepção global do que os clientes pensam e querem usar.
O punk, uma das grandes referências da temporada internacional, serviu de base para que estilistas como o de moda masculina João Pimenta e o de feminina Vitorino Campos criassem roupas que exploram os limites da masculinidade e da feminilidade.
Os conflitos étnicos, tema que pairou na semana de moda de Paris, guiou o mineiro Luiz Claudio em sua mistura de elementos da indumentária do candomblé, do catolicismo e das religiões neopentecostais.
Até a cartela de cores usada pelos estilistas brasileiros seguiu uma lógica atemporal, desgarrada de fórmulas antigas do que seria apropriado para dias quentes.
Nada de muita cor, a mistura de preto e branco foi a combinação mais usada pelas marcas que desfilaram no parque Cândido Portinari, onde ocorreram os desfiles dessa SPFW.
"Passamos por um momento em que todos pensam sobre as mesmas questões ligadas à moda, do fim das estações à divisão entre os gêneros", disse o estilista João Pimenta, que criou roupas para serem usadas tanto por mulheres quanto por homens.
Essa interseção entre os sexos norteou também designers como Reinaldo Lourenço, em uma coleção que misturava a alfaiataria masculina à fragilidade da moda romântica, e a Uma, da estilista Raquel Davidowicz.
Até a idealização da cultura indígena, tema de grifes como a Osklen e a Cavalera, foi explorada de forma não literal em roupas um tanto limpas e com algumas poucas referências ao grafismo étnico das tribos.