Crítica filme na TV
Júlio Bressane mostra que o cinema desconhece limites
A verossimilhança não é algo que tivesse preocupado Júlio Bressane quando fez "Dias de Nietzsche em Turim" (2001, 14 anos, TV Brasil, 0h30). Se fosse, não teria se contentado em botar um bigodão em Fernando Eiras, que interpreta Nietzsche.
É com o signo Nietzsche que ele trabalha: o vasto bigode. Este Nietzsche encontra Turim e se extasia depois que se afasta de Wagner, isto é, da ideia de nação e o decorrente nacionalismo.
Será diferente com Julio Bressane? Ele, que em certos momentos se dedica à natureza e á cultura do Brasil, é capaz de afastar-se daqui no tempo e no espaço: pode ir ao Egito de Cleópatra, ao cristianismo de São Jerônimo, ou a Nietzsche: o cinema desconhece limites de tempo e espaço e o cineasta se empenha em demonstrar que a viagem não precisa nem deve ter limites.
Quem melhor do que Nietzsche para fazer a demonstração?