Dólar bate em R$ 2,50 no 2º dia de tensão global
Moeda americana fecha a R$ 2,464 e Bolsa paulista cai mais 3,25% no dia
Estrangeiros já tiraram US$ 2,07 bi em recursos no mês de outubro; pessoa física também vende suas ações
O dólar ultrapassou R$ 2,50 no segundo dia seguido de tensão nos mercados globais devido às dúvidas quanto ao ritmo de crescimento mundial (veja quadro).
No Brasil, a incerteza em relação à sucessão presidencial (Datafolha e Ibope indicam empate técnico) agravou o quadro, pressionando os investidores a adotarem uma posição mais conservadora (leia-se: venda de ações, especialmente ligadas a estatais, o "kit eleições"), se precavendo contra um possível excesso de otimismo com uma vitória da oposição que ainda não se concretizou.
A moeda americana só não fechou acima de R$ 2,50 porque os exportadores aproveitaram a oportunidade para vender dólares e os EUA anunciaram que tiveram, na semana passada, o menor patamar de pedidos de seguro desemprego em 14 anos.
No encerramento dos negócios, o dólar à vista (referência do mercado financeiro) ficou em R$ 2,464, com alta de 0,28%. Na semana, a moeda subiu 2,81%
FUNDOS ESTRANGEIROS
A Bovespa recuou mais 3,25% (54.298 pontos), reduzindo para 5,4% a valorização no ano. Até segunda (13), a alta no ano era de 12,5%.
O empate técnico nas pesquisas --e decisão nas mãos dos eleitores inclinados a votar branco ou nulo-- assusta particularmente os fundos de investimento estrangeiros, que tendem a se desfazer dos papéis brasileiros.
Nos dez primeiros dias de outubro, a saída de dólares já supera a entrada em US$ 2,07 bilhões.
Nesta quinta (16), chamou a atenção a venda de ações por investidores pessoa física, com a corretora XP (a maior no segmento) respondendo por mais de R$ 1 bilhão dos R$ 10,5 bilhões negociados. A XP ficou atrás só da corretora UBS (R$ 1,8 bilhão), uma das preferidas dos grandes fundos estrangeiros.
Nos EUA, a Bolsa de Nova York encerrou com baixa de 0,15% no índice Dow Jones e alta de 0,01% no Standard & Poor´s 500. A Bolsa de Londres recuou 0,25%; a de Frankfurt subiu 0,13%.
"As Bolsas caem por causa de preocupações com o crescimento mundial. Nos últimos dias saíram dados que causam temores de desaceleração global", disse Marcio Cardoso, da Easynvest.
Para Tony Volpon, responsável por emergentes da Nomura, o Brasil pode voltar a atrair investimentos após a eleição, independentemente de quem for eleito, se repensar a política econômica. "A alta dos juros nos EUA pode ser postergada, e quem apresentar uma cara melhor vai levar mais investimento."