Apuração de votos na Bolívia é criticada
Roubo e queima de urnas, lentidão na apuração e problemas na divulgação atrapalham eleições presidenciais
Três dias após a votação, 90% das urnas haviam sido apuradas, com vitória do presidente Evo Morales
O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia tem sido alvo de críticas pela lentidão na apuração dos votos da eleição presidencial, que aconteceu no domingo (12), e por problemas nas contagens exibidas no site do órgão governamental.
Até esta quarta (15), pouco mais de 90% dos votos haviam sido apurados, com vitória do Movimento ao Socialismo (MAS), do presidente Evo Morales, com 59,88% dos votos válidos.
Pelas redes sociais, bolivianos divulgaram fotos do site do TSE com problemas na apuração em três departamentos (Estados) do país. Na terça, o site supostamente apresentava 94% das urnas de Cochabamba apuradas às 7h, e 90%, às 12h15. Entre os dois momentos, há variação nas porcentagens de votos para cada candidato.
O mesmo problema ocorreu em outros lugares, o que causou indignação de eleitores nas redes sociais e denúncias de uma suposta fraude.
Segundo Ramiro Paredes, membro do TSE, erros nas somas causaram as alterações nos resultados. "Há um controle de qualidade, porque inicialmente se passam os dados brutos, então se corrige", disse. "Se corrige porque pode haver alguns erros de soma, e isso diz a lei".
Em 13 seções eleitorais, foram registrados casos de roubo e queima de atas. Por isso, será realizado um novo dia de votação em 26 de outubro, o que vai atrasar a divulgação do resultado final para novembro.
O presidente Evo Morales disse que há preocupação sobre a situação envolvendo o órgão eleitoral. "Há um problema interno. Nos preocupa a todos", disse o mandatário, após entregar computadores a estudantes em Oruro.
LENTIDÃO
Uma missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) na Bolívia avaliou como "extremamente lento" o processo eleitoral. Segundo a instituição, o TSE não cumpriu o compromisso que havia assumido de entregar 70% das apurações ainda no domingo do pleito.
A OEA também sugeriu à Bolívia que volte a permitir o financiamento público de campanhas políticas. Evo Morales eliminou este tipo de financiamento em 2008.
Desde então, os 40 milhões de bolivianos (cerca de R$ 14 milhões) que eram destinados às campanhas foram direcionados a um fundo para pessoas incapacitadas.
Morales se disse contra a volta do financiamento público. "Ouvi dizer que a OEA pede que os partidos novamente recebam dinheiro do Estado, eu sou inimigo disso, por isso eliminamos", disse o presidente boliviano.
A OEA comentou a queixa de partidos sobre a divulgação de feitos do governo durante a campanha. "A missão sugere que a propaganda governamental fique sujeita à lei do regime eleitoral", disse a equipe da OEA, em nota.