'Redes facilitam a discussão e não a checagem'
Raquel Recuero, professora da Universidade Católica de Pelotas, pesquisa a dinâmica das interações nas redes sociais em questões polarizantes. Segundo ela, no espaço de diálogo das redes, cabe à imprensa filtrar informações.
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Folha - Qual o papel do jornalismo nas redes sociais?
Raquel Recuero - A imprensa sempre trouxe informação para que as pessoas discutam. A rede social facilita a conversa entre pessoas. Elas podem inventar, mentir, não têm o compromisso da imprensa. Apurar é função do jornalismo. A guerra pelo clique prejudica a credibilidade. Nas eleições, há quem intencionalmente queira "queimar" os jornais.
Por que os boatos se espalham tão rápido?
As pessoas compartilham até o que não é verdade. Nunca se precisou tanto de filtros. As pessoas buscam a imprensa para confirmar. O problema é quando os jornais erram; a internet não esquece.
Há diferença entre os papéis do Twitter e do Facebook?
O Twitter é mais público, mais informativo. No Facebook, as pessoas discutem entre si e compartilham notícias para apoiar opiniões. É menos "olha que importante" e mais "olha como eu estou certo". A responsabilidade esperada do jornalismo fica muito maior. Repetida, a matéria acaba dando base a discussões inflamadas. Qualquer coisinha potencializa uma revolta.