'Choque de gestão' de Aécio deixou Minas em crise, diz Pimentel
Governador petista reclama que recebeu deficit de R$ 7 bilhões e 500 obras paradas; PSDB contesta acusações
Nova gestão diz que precisa gastar R$ 120 mi por ano para manter o centro administrativo construído por Aécio
O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), atacou nesta segunda-feira (6) o "choque de gestão" idealizado pelo tucano Aécio Neves.
Pimentel disse que o Estado vive uma situação grave e que não teve "gestão". "A situação de Minas é crítica. Não é exagero de linguagem. A situação é muito grave. [...] Faltou gestão e faltou gerenciamento em Minas Gerais", disse em entrevista coletiva para relatar a auditoria da Controladoria-Geral do Estado nas contas da administração.
"Não estamos falando de uma gestão que ficou três, seis, oito meses. Estamos falando de gestão que vem de 12 anos e se autoproclamava a melhor do Brasil, quiçá uma das melhores do mundo."
As declarações do petista destoam da relação de cordialidade entre Pimentel e Aécio --eles foram aliados políticos em Minas até 2011.
Aécio governou Minas por duas gestões (2003-2010) e fez o sucessor, Antonio Anastasia (2011-14), hoje senador.
O PSDB respondeu que o PT tenta "desviar a atenção".
Pimentel atacou as "cinco centenas de obras paradas" e o "deficit de R$ 7 bilhões" que encontrou.
O centro administrativo do governo feito por Aécio também foi posto na berlinda: o novo governo disse que ele custou R$ 2 bilhões, e não R$ 1,2 bilhão. O governo disse que contratos suspeitos serão auditados.
Reportagem da Folha mostrou que a Controladoria investiga 806 convênios com prefeituras feitos às vésperas do fim do prazo legal eleitoral, mas que tiveram os empenhos cancelados após a eleição. O ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP) atribuiu o problema à não liberação de R$ 1 bilhão de um empréstimo (cujo valor total supera R$ 4,5 bilhões) concedido pelo Banco do Brasil.
O novo governo disse que o BB só não liberou o valor porque houve "má gestão" de uma parcela anterior --de R$ 600 milhões-- desse mesmo empréstimo.
Em nota, o Banco do Brasil se limitou a dizer que sempre age de acordo com os contratos firmados.