SBM quis 'apagar' apurações sobre Brasil em 2012
A SBM Offshore retirou em 2012 o Brasil do foco de uma auditoria interna sobre supostos pagamentos de propina a agentes públicos.
A informação foi passada à CGU em agosto do ano passado, durante a campanha eleitoral, pelo ex-diretor da empresa Jonathan Taylor, delator do esquema de propina da empresa com a Petrobras.
Taylor acusa o órgão do governo brasileiro de ter esperado passar a eleição para processar a SBM, o que foi anunciado em 12 de novembro.
Ele entregou às autoridades um e-mail de 4 de maio de 2012 que recebeu do chefe da auditoria, Sietze Hepkema, com detalhes sobre os passos a serem tomados numa apuração interna sobre possíveis irregularidades cometidas pela empresa para obter contratos no exterior.
Num trecho, está escrito: "Delete references to review of activities related to Brazil and Julio Faerman and related entities, as we wish to put this part of the investigation on hold for the time being".
Numa tradução livre, seria algo como: "excluir as referências para análise das atividades relacionadas ao Brasil e a Julio Faerman e órgãos relacionados já que nós desejamos colocar essa parte da investigação em espera por um momento".
Para Jonathan Taylor, isso reforça sua acusação de que a SBM sempre tentou acobertar as investigações sobre o Brasil, com o objetivo, segundo ele, de não prejudicar os negócios dela com a Petrobras.
A SBM confirma o teor do e-mail, mas justifica que, naquele momento, estava somente separando o Brasil do foco principal daquela investigação, os países africanos. "Olhamos para o Brasil por duas vezes nesse período. Não esquecemos", diz o chefe jurídico da SBM, Alessandro Rigutto.