Petrolão
Ex-ministro de Collor também foi alvo de buscas
Apartamento de Leoni Ramos foi vasculhado pela Polícia Federal
Ele é suspeito de ser receptor de propina de R$ 3 mi para senador, valor que seria oriundo de um contrato da BR
Sob suspeita de ter intermediado o recebimento de uma propina de R$ 3 milhões para o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), o ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos também teve seu apartamento em São Paulo vasculhado pela Polícia Federal em cumprimento aos mandados de busca e apreensão da Operação Lava Jato.
Secretário de Assuntos Estratégicos da gestão Collor (1990-1992), Leoni teria intermediado o recebimento da propina por um contrato com a BR Distribuidora, segundo o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema.
O contrato teria sido fechado com regras desvantajosas para a estatal e é alvo de uma auditoria da companhia. O senador, que nesta terça (14) também foi alvo de buscas e apreensão, nega ter recebido propina.
O negócio, realizado em 2011, selou a adesão de uma rede de postos à bandeira da BR. De acordo com documentos a que a Folha teve acesso, o acordo incluiu pontos de venda que se mostravam pouco ou nada lucrativos.
Levantamento da reportagem mostra que pelo menos 52 dos 118 postos englobados no negócio já fecharam ou não são mais exclusivos da BR. É algo absolutamente incomum. Em situação normal, todos eles permaneceriam com a bandeira da BR até o fim do contrato, em 2019.
Com isso, a estatal está deixando de vender mensalmente pelo menos 12 milhões de litros de combustível. A estimativa é baseada no volume médio de vendas aferido nos postos em 2010.
Um dos que conduziram e assinaram as tratativas do negócio foi Luis Alves de Lima Filho, atual diretor da Rede de Postos da BR Distribuidora. Ele foi indicado ao cargo por Collor, e destituído do posto nesta quarta (15).
O contrato foi firmado com a DVBR (Derivados do Brasil S.A.), para quem o negócio rendeu R$ 122 milhões somente em bônus. A empresa é uma sociedade entre a BTG Pactual Participações e a Sete Participações, hoje desfeita.
Foi do bônus concedido à DVBR que saíram os R$ 3 milhões de propina, de acordo com a versão de Youssef.
EMPRESA DE FACHADA
Investigadores do esquema de corrupção da Petrobras também suspeitam que uma empresa da qual Collor figura como sócio seja de fachada. Sem funcionários ou atividade, a Água Branca Participações aparece como proprietária de dois dos três carros apreendidos pela PF na casa de Collor –a Ferrari e a Lamborghini.
O terceiro veículo, um Porsche, está em nome de uma empresa de comércio de combustíveis e seria de um aliado político em Alagoas.
Em sua última declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral em 2014, Collor informou ter 13 veículos com somam R$ 2,9 milhões. O carro mais caro é uma BMW 760 com valor declarado de R$ 714,4 mil. Em seguida vem uma Ferrari Scaglietti, de cor preta, de R$ 556 mil e um Citröen C6, no valor de R$ 322 mil.
Os três carros apreendidos na casa de Collor têm dívidas de IPVA de R$ 343 mil, de acordo com o jornal "Correio Braziliense" e o "Jornal Nacional", da TV Globo. A Folha não conseguiu confirmar os valores. O congressista informou reunir um patrimônio de R$ 20,3 milhões.