Advogados de ex-presidente da OAS negam negociação de delação
Revista 'Veja' diz que Leo Pinheiro decidiu fazer acordo
Ex-presidente de empreiteira não fez oferta, diz defesa; em 4 depoimentos prévios, ele permaneceu calado
Uma reportagem da revista "Veja" deste final de semana afirma que o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro Filho, o Leo Pinheiro, ofereceu ao Ministério Público Federal informações de como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria se beneficiado do esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo a revista, o executivo, que está em prisão domiciliar, decidiu fazer um acordo de delação premiada. Em troca, receberia uma redução de sua pena.
A publicação afirma que a suposta negociação envolveria também o detalhamento de despesas pessoais da família de Lula pagas pela empreiteira e, ainda, a entrega de uma lista de todos os políticos que receberam dinheiro com origem no esquema de corrupção da Petrobras, por meio da OAS.
A defesa do executivo, porém, nega categoricamente que o ex-número um da OAS esteja fazendo esse tipo de negociação com os procuradores que o investigam.
Os advogados do empreiteiros afirmam que ele sequer cogitou fazer um acordo de delação premiada.
"Sobre a reportagem da 'Veja' deste final de semana, José Aldemário Pinheiro e sua defesa têm a dizer, respeitosamente, que ela não corresponde à verdade. Não há nenhuma conversa com o MPF (Ministério Público Federal) sobre delação premiada, tampouco intenção neste sentido", disseram, em nota, os advogados Juliano Breda, Roberto Lopes Telhada e Edward Carvalho neste sábado.
DEPOIMENTOS
Leo Pinheiro foi preso em 14 de novembro do ano passado, quando a força tarefa da Operação Lava Jato deflagrou a fase da investigação batizada de Juízo Final.
Em abril, ele foi para a prisão domiciliar por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
O executivo prestou quatro depoimentos desde a prisão. Num deles, em São Paulo, no contexto de um inquérito do Supremo sobre políticos com foro privilegiado.
Em todos os depoimentos, invocou o direito constitucional de permanecer calado.
Pinheiro foi acusado de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e de integrar organização criminosa. Ele nega ter feito parte do "clube" de empreiteiras que fatiava contratos da Petrobras e pagava propina a dirigentes da estatal e a políticos.
Seus advogados são os mesmos do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, denunciado na sexta (24) pelo Ministério Público Federal.