Petista que acionou STF diz que só conhece presidente pelo jornal
Wadih Damous assumiu mandato de deputado após articulação de Lula
O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), um dos que protocolaram mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) para barrar a tramitação de processo de impeachment da presidente Dilma na Câmara, afirma que não agiu por encomenda.
Na terça (13), ministros do Supremo aceitaram o seu e outros dois pedidos que questionavam o rito estabelecido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para julgar o impedimento de um presidente.
Os outros recursos foram enviados por Rubens Pereira Jr. (PCdoB-MA) e Paulo Teixeira (PT-SP).
O petista disse que não espera da presidente, que só conhece pelos jornais, nem um telefonema de agradecimento. "Não podemos usar a impopularidade de um governo para dar um golpe parlamentar no país", afirmou.
"A lei de responsabilidade é muito clara em relação aos crimes que se enquadram nela, e conta rejeitada no TCU não é o caso. É a democracia que está em jogo", disse.
Ex-presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio e duas vezes presidente da seccional da OAB no Rio, o advogado tomou posse em maio, após articulação do ex-presidente Lula para que o deputado eleito Fabiano Horta abrisse mão de seu mandato.
Ele tentou se eleger deputado, mas, com pouco mais de 37 mil votos, conseguiu apenas o posto de primeiro suplente. Coube ao prefeito de Maricá e presidente do diretório estadual do PT no Rio, Washington Quaquá, convencer Horta, seu afilhado político, a aceitar a pouco relevante secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário do Rio pela troca.
Damous teria caído nas graças de Lula em fevereiro deste ano, quando se encontraram em evento na ABI (Academia Brasileira de Imprensa), num desagravo à Petrobras. Na ocasião, Damous fez duras críticas à Operação Lava Jato e ao juiz Sergio Moro.
O petista defende a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara. "Dilma não tem conta na Suíça. O Moro mandou prender a mulher do Vaccari [ex-tesoureiro do PT]. E a mulher do Cunha? Ninguém manda prender?", questiona.
Integrante da CCJ (Comissão de Constituição de Justiça), Damous muitas vezes discursa na tribuna no lugar do líder do partido, Sibá Machado (PT-AC).
TRAJETÓRIA
Advogado trabalhista, Damous, 59, é formado pela UERJ e tem mestrado em direito constitucional pela PUC-Rio. Publicou, em 2005, o livro "Medidas Provisórias no Brasil", em coautoria com Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão.
Enquanto presidente da OAB-Rio foi criticado por suas posições contra a ação penal do mensalão. "Ele aparelhou a OAB do Rio. Hoje, a ordem é totalmente partidarizada", afirma a advogada Carmen Fontenelle, derrotada por ele nas eleições da OAB em 2007.