Cassação não sai antes do dia 27, diz deputado
Presidente do Conselho de Ética da Câmara promete não dar 'vida fácil' a Eduardo Cunha
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PSD-BA), sinalizou nesta quarta (14) que não dará andamento ao processo de cassação do mandato do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), antes do dia 27 deste mês.
Araújo, porém, disse que não permitirá procrastinação.
O deputado entregou, à tarde, o pedido de cassação à Mesa Diretora da Câmara. A partir daí, o prazo para que o documento retorne ao Conselho de Ética é de três dias.
Devolvida a representação, não há data para que Araújo convoque a primeira sessão do conselho –ele promete fazê-lo em até 48 horas, o que seria até a próxima quinta (22).
O deputado, porém, afirmou crer que não dará início ao processo antes do dia 27 porque às quintas o quorum na Casa costuma ser baixo.
Araújo destacou que o processo de cassação tem até 90 dias para transcorrer, mas será acelerado, se possível.
"Acredito que está mais propenso a acabar este ano, porque é um processo do qual a sociedade reclama e o Conselho de Ética não quer ficar com esse problema na mão. Quanto mais rápido resolver, melhor", afirmou.
Autor da representação contra Cunha, o PSOL segue colhendo assinaturas de apoio ao pedido de cassação. Até esta quarta, eram 53 –sete a mais do que quando o documento foi protocolado, sendo uma de Max Filho (PSDB-ES).
'VIDA FÁCIL'
Adversário de Cunha, Araújo negou acordo para poupar o peemedebista, prometeu isenção e disse que "não vai dar vida fácil" a ele.
"Vamos proceder como com qualquer um. Não conheço essa palavra 'acordo'. No Conselho de Ética não tem isso."
Ligado ao senador Otto Alencar (PSD-BA) e aliado de Jaques Wagner, Araújo disse que o processo tramitará normalmente, mesmo sendo esta a primeira vez que o conselho vai julgar um presidente da Câmara.
A Folha apurou com outros membros do Conselho de Ética que a expectativa é que a cassação seja aprovada por maioria –como o voto é aberto, muitos não teriam coragem de votar contra após virem à tona denúncias de que Cunha tem contas na Suíça.
Esses deputados, porém, temem possíveis manobras regimentais, já que o pedido de cassação tem que passar antes pela Mesa Diretora, que é controlada por aliados do presidente da Câmara.
Caso o processo prospere, ele segue para votação no plenário, que dá a palavra final. Essa votação também é aberta. (DÉBORA ÁLVARES, RANIER BRAGON E JOÃO PEDRO PITOMBO)