Lucy in the sky
Repórter faz bate-volta na ponte aérea entre São Paulo e Rio com sua cadela vira-lata, que passa quase despercebida no avião
Na sexta-feira (10), Lucy fez sua estreia na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro. Carregar um cão no aeroporto e levá-lo na cabine de um avião causa certo estranhamento nos outros passageiros.
Há quem desconheça a possibilidade e olhe para isso com desconfiança. Há também quem encare a novidade com alegria. "Que bom, né? Assim ela passeia com você!", comentou uma senhora no aeroporto Santos Dumont, na capital fluminense.
Há ainda a indiferença. Na sexta, poucos perceberam que eu levava Lucy, de 5,2 kg, numa gaiolinha roxa, feita sob medida. No avião, o kennel (caixa de transporte) era apenas mais uma bagagem no meu pé aos olhos de outros passageiros, já que, de acordo com as regras da companhia, ela não pode sair da caixa em nenhum momento.
Talvez pouca gente tenha notado que eu viajava com um cachorro porque Lucy foi bem tranquila. Quando chegamos ao Rio, peguei minha mala e saí o quanto antes do aeroporto para tirá-la da caixa. Ela ficou feliz ao sair.
Presa na coleira, Lucy tomou água e comeu biscoitos. Mas, uma hora e meia depois, tínhamos de voltar a São Paulo. Com dó, coloquei -a de volta no kennel.
Até esse bate-volta, tínhamos voado só pela TAM. Desta vez, fomos pela Avianca.
Na ida e na volta, os funcionários etiquetaram minha mala como "prioridade", o que reduziu a espera no desembarque e o tempo para libertação da Lucy da caixinha. Até então, o serviço nunca tinha sido oferecido para mim.
A Avianca cobra uma taxa fixa de R$ 100 para levar animais na cabine, em voos domésticos. Boa, se comparada à da TAM, de R$ 200 --também para voos dentro do país.
As poltronas tinham espaço para que a caixa coubesse embaixo do assento da frente, o que deu a mínima "dignidade" às minhas pernas.
Adotei a Lucy (vira-lata "pura") em 2009 quando ainda morava em Porto Alegre.
Desde que completou todas as vacinas obrigatórias, ela viaja comigo. Até 2013, ela só passeava de carro e de ônibus. Mas no ano passado vim morar em São Paulo e, desde então, ela vai no avião comigo, principalmente para visitar os "avós" no Sul.
Para voarmos, busquei quais companhias faziam o transporte na cabine e os procedimentos necessários. Na primeira vez, sedei-a com um medicamento indicado pelo veterinário e a experiência foi ruim-- ela ficou nervosa e agressiva. Desde então, Lucy viaja calma e sem sedação.
Em abril, ela começou a frequentar aulas de adestramento e socialização.
Se eu pudesse dar um conselho a quem quer viajar com pet é que procure um profissional que possa treiná-lo a ficar mais tranquilo.
Passar horas preso em uma gaiola pequena e em ambiente estranho nunca se- rá confortável. Treinar o animal para que ele sofra me- nos é um grande presente ao seu "melhor amigo".