Do vinho às alturas
Bento Gonçalves, cidade vinícola na serra gaúcha, aposta em turismo de aventura com rapel de 60 m e passeios de bicicleta
O que você vai querer fazer: tirolesa, paintball, parede de escalada ou rapel?
Se a última opção for a sua, prepare-se. Equipamentos de segurança --como capacete e luvas-- colocados, o visitante começa a descer um paredão de 135 metros pendurado por cordas, controlando a própria velocidade ao soltar levemente a mão.
O muro de pedra está a uns três metros de você. Atrás, bem lá longe, o horizonte verde de Bento Gonçalves, na serra gaúcha (RS).
A cidade, conhecida pela produção vinícola, vem mudando de perfil e está se tornando famosa também como destino de aventura.
Inaugurou em 2013 o parque de aventuras Gasper que, além das atividades citadas, tem arvorismo, quadriciclo e parede de escalada. Mas o mais radical é o rapel.
Após descer 60 longos metros, chega-se a uma plataforma. Ali, o visitante recupera o fôlego para então começar a subir, escalando em via ferrata, caminho com degraus de ferro e cabos a que o praticante vai se prendendo.
Para junho, o estabelecimento prevê a abertura de um pêndulo, semelhante a um bungee jump. Outro projeto é a ampliação da tirolesa para 3,5 km --hoje, a atração é formada por dois trechos que somam 750 metros.
A outra novidade ecoturística de Bento veio em duas rodas. No fim de 2014, o hotel Dall'Onder criou o projeto Que Tal de Bike?, que oferece trilhas de bicicleta --não é necessário hospedar-se no local para fazê-las.
São três opções, em diferentes níveis de dificuldade. A mais difícil é a que segue pelo vale do Rio das Antas. São 28 km praticamente margeando o curso do rio.
No caminho mata adentro, enquanto é descida, há parada em represa e em cachoeira. Os menos acostumados podem ter dores na mão de tanto segurar o freio.
Há um trecho plano e pit stop para almoço. Os sucos e sanduíches naturais vêm no carro de apoio, que acompanha sempre os ciclistas sem que eles percebam. Depois, prepare-se para subir.
A dica é pensar no objetivo final do passeio: visitar as vinícolas Valmarino e Cave Geisse e fazer uma degustação --depois de quase oito horas de pedal, nada melhor.
E, estando em terra de vinho, visitar vinícolas nunca é demais. Na Dal Pizzol, Rinaldo Dal Pizzol, um dos sócios do local, leva o turista por um passeio entre pavões e curiosidades sobre o mundo do vinho.
Ele, que é diretor da área cultural da empresa, criou um museu sobre o vinho. "A bebida não é só um alimento; é um produto cultural", afirma.
No local, há garrafas de países como China e Índia. Do lado de fora, o visitante aprende a identificar as uvas que fazem vinhos como cabernet e lambrusco.
Outro passeio tradicional em Bento é o de maria-fumaça. São 23 km em um trem do século 19 que passa pelas cidades de Garibaldi e Carlos Barbosa. Com degustação de vinhos, claro, e apresentação de música gaúcha e italiana --um programa bem família.